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Irã adia decisão sobre programa nuclear
Reunião em Genebra termina sem resposta de Teerã à oferta da UE em troca da suspensão de suas atividades atômicas
Participação inédita de representante americano havia gerado expectativa; nova rodada de discussões ocorrerá em duas semanas
DA REDAÇÃO
O encontro que reuniu ontem na Suíça os principais envolvidos nas discussões sobre o
programa nuclear iraniano terminou sem avanços, contrariando a expectativa criada pela
inédita presença dos EUA em
conversas diretas com o Irã.
Segundo Javier Solana, chefe
da política externa da União
Européia (UE) e principal interlocutor do Ocidente nas discussões com Teerã, o Irã "não
disse sim nem não" à última
oferta de cooperação econômica em troca da suspensão de
suas atividades nucleares. Conforme cronograma prévio à
reunião, o país tem duas semanas para responder à proposta,
lembrou Solana.
"O encontro foi produtivo
mas não tivemos a resposta que
esperávamos", disse Solana.
Uma nova rodada de discussões deve ocorrer num prazo de
duas semanas, mas o negociador Said Jalili deixou claro que
o Irã continuará descartando a
exigência dos EUA de paralisar
seu programa nuclear como
condição prévia para negociar.
O Irã insiste em que suas instalações nucleares servem apenas para a produção de energia
e há cinco anos negocia com o
Ocidente uma solução que lhe
permita continuar enriquecendo urânio -o que pode fazer
sob o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, mas desde que
em cooperação e sob a vigilância da Agência Internacional de
Energia Atômica.
Os EUA acusam o governo
iraniano de desenvolver secretamente um arsenal nuclear.
Num gesto de abertura, porém,
a Casa Branca enviou a Genebra o número três da diplomacia americana, William Burns,
que sentou-se ao lado de Solana. Burns recebeu ordens de
"apenas ouvir, não negociar".
O representante americano
não falou publicamente e, durante o almoço, não se sentou à
mesma mesa que a delegação
iraniana. Após o fim do encontro, o porta-voz da Casa Branca,
Sean McComarck, disse que
"os iranianos devem entender
que seus líderes precisam fazer
uma escolha entre a cooperação, que traria benefícios a todos, e a confrontação, que só
pode levar a mais isolamento".
Também estiveram na reunião representantes dos outros
quatro membros permanentes
do Conselho de Segurança da
ONU -Reino Unido, França,
Rússia e China - e a Alemanha.
Distensão
Além da participação americana, a expectativa sobre a reunião havia sido reforçada por
sinais de distensão entre Washington e Teerã. O Irã confirmou anteontem a possibilidade
de abertura de um escritório de
interesses comerciais dos EUA
em Teerã e o restabelecimento
de linhas aéreas entre os países.
Os EUA cortaram as relações
com o Irã depois que islâmicos
radicais mantiveram reféns durante 444 dias em sua embaixada em Teerã, em 1979. Desde
então, a Casa Branca impôs um
embargo seletivo ao Irã e pressionou a ONU a também punições econômicas.
Com agências internacionais
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