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Dez franceses morrem em emboscada no Afeganistão
Seis homens-bomba se explodem em tentativa de invasão de base americana
Sarkozy viajou a Cabul; ataques ilustram a piora do quadro de segurança no país no momento em que os EUA pedem maior apoio europeu
DA REDAÇÃO
Dez militares franceses foram mortos ontem no Afeganistão durante emboscada seguida de pesados confrontos
com o grupo radical islâmico
Taleban. O incidente, em que
21 outros franceses foram feridos, ocorreu durante patrulha
nas montanhas do distrito de
Surobi, 60 km a sudeste de Cabul, e marca a piora da situação
de segurança no país asiático,
onde os EUA tentam obter
maior apoio militar europeu.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que, apesar
das mortes, permanecia "intata" sua determinação de prosseguir na luta contra o terrorismo. Afirmou ainda que, mesmo
"duramente atingido", seu país
reconhece que "a causa é justa,
e que é uma honra defendê-la".
Sarkozy embarcou ontem à
noite para o Afeganistão, onde
deverá reiterar seu apoio ao
contingente de 3.000 homens
que mantém naquele país, onde militares de outros 30 países
da Otan (aliança militar ocidental) procuram evitar o retorno ao poder do Taleban.
As milícias do grupo islâmico
-deposto do governo no fim de
2001 por forças internacionais
porque abrigava bases da Al
Qaeda- vêm se fortalecendo
nos últimos meses.
A França, depois do recente
envio de 700 novos combatentes ao Afeganistão, possui o
quarto maior contingente naquele país, depois do americano, do britânico e do alemão.
Porta-voz militar afegão disse que 23 insurgentes foram
mortos no confronto com os
franceses. O distrito de Surobi é
um dos mais ativos no mapa da
insurgência, que tem provocado confrontos em número inédito nos últimos sete anos.
Segundo o comandante do
contingente francês, general
Jean-Louis Georgelin, as mortes ocorreram no início da missão de patrulha, que escalava
uma passagem montanhosa.
Derrocada da segurança
Já foram mortos neste ano
183 militares estrangeiros, entre eles 99 americanos. É possível que se superem os 232 registrados em 2007, até agora o
ano de mais baixas para a Otan.
A emboscada contra os pára-quedistas e soldados da Legião
Estrangeira -que são na França tropas de elite- foi o incidente com maior número de
mortos desde que, em junho de
2005, 19 americanos morreram
na queda de um helicóptero, na
Província de Kunar, perto da
fronteira oeste do Afeganistão.
Já a França sofreu sua maior
perda militar desde que, em
1983, no Líbano, um homem-bomba matou 58 soldados. Foi
também o combate mais letal
desde a Guerra da Argélia, que
terminou em 1962.
O presidente americano,
George W. Bush, com 14 mil
militares no Afeganistão -o
maior dos contingentes- divulgou comunicado com condolências aos que "se sacrificaram em nome do empenho da
França para que os afegãos tenham mais segurança".
Com a deterioração do quadro de segurança no Afeganistão e com suas forças de Defesa
no limite ao lutarem simultaneamente duas guerras, ali e no
Iraque, os EUA têm tentado angariar maior apoio em campo
de seus aliados europeus.
A pressão americana gerou
tensão dentro da Otan no início
deste ano, quando o secretário
de Defesa, Robert Gates, chegou a dizer que a aliança militar
acabaria caso os europeus não
cooperassem mais.
Desde então, só Paris atendeu ao chamado. Há também
discussão sobre o reposicionamento das tropas -para os
EUA, os contingentes europeus
estão em regiões relativamente
mais estáveis do país.
As mortes de ontem relançaram na França o debate sobre a
presença militar no Afeganistão. O Partido Comunista disse
que os soldados franceses deveriam ser retirados, enquanto
Jean-Marie Le Pen, da Frente
Nacional (extrema-direita),
afirmou que militares da França não poderiam se deixar matar em nome dos interesses dos
EUA. Já o Partido Socialista,
mais moderado, criticou o que
vê como falta de transparência
na estratégia ocidental.
Também ontem, em Khost,
na fronteira com o Paquistão,
insurgentes tentaram penetrar
em uma base militar dos EUA
lançando mão de seis homens-bomba. Três soldados americanos ficaram feridos.
Com agências internacionais
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