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Disputa divide governo após saída de Musharraf
Líder do 2º partido paquistanês exige volta de juiz destituído e ameaça deixar coalizão
Encontro sobre sucessão acaba em racha; aliança de rivais históricos no governo se amparava unicamente
na oposição ao ex-ditador
DA REDAÇÃO
A saída de cena do general reformado Pervez Musharraf
-que governou o Paquistão como ditador e equilibrava-se
com dificuldades na Presidência após a abertura democrática neste ano- expôs a fragilidade da coalizão governista. Divisões internas ameaçam a aliança entre o PPP (Partido do Povo
Paquistanês) e o PLM-N (Partido da Liga Muçulmana - facção
Nawaz), rivais unidos pela oposição ao ex-presidente.
Um dia após forçar a renúncia de Musharraf com a bem articulada ameaça de impeachment, a base governista rachou
ontem na reunião que discutia
o futuro do país e da Presidência. Nawaz Sharif e a cúpula de
seu partido, o segundo maior
do Paquistão, abandonaram
abruptamente o encontro, após
quatro horas de negociação.
Não houve avanços no diálogo sobre a escolha do sucessor
de Musharraf, que deve ser
eleito em até 30 dias pelo Colégio Eleitoral. Almejado pelos
dois partidos, o cargo deve ficar
com o PPP, à frente do governo.
Entre os presidenciáveis,
destaca-se a líder da Assembléia Nacional, Fehmina Mirza.
Asif Zardari, viúvo da ex-premiê assassinada Benazir Bhutto e líder da legenda, pode tentar emplacar também sua irmã,
a deputada Faryal Talpur, ou
um outro aliado próximo e de
perfil discreto, como o ex-ministro da Defesa Aftab Mirani.
A disputa sucessória é apenas
uma das muitas desavenças da
coalizão. Sharif exige o retorno
imediato de Iftikhar Chaudhry,
presidente da Suprema Corte
afastado por Musharraf.
A saída não forçaria, necessariamente, eleições, mas tornaria o governo refém das pequenas legendas. Isto aumentaria a
instabilidade no país, que tem a
bomba nuclear e é um dos principais fronts da guerra ao terrorismo capitaneada pelos EUA.
Juízes
A volta de Chaudhry, ícone
dos críticos ao regime militar,
tem apoio de 83% dos paquistaneses, segundo pesquisa do
Instituto Nacional Republicano feita em junho. A destituição
do juiz arruinou o verniz de legalidade que o governo adquirira com o plebiscito de 2002 e
provocou ondas de protesto.
O PPP não se opõe abertamente ao retorno de Chaudhry
e dos outros 59 juízes demitidos, mas quer que o tema seja
tratado pelo futuro presidente.
Analistas familiarizados com
os bastidores da política nacional dizem que Zardari tem restrições a Chaudhry.
Sem filiação partidária, o juiz
é célebre pelas decisões contrárias ao governo. Abdul Dogar,
seu substituto designado por
Musharraf, tem boas relações
com o viúvo de Benazir. Figura
controvertida, Zardari esteve
preso por corrupção e foi anistiado em 12 processos em 2008.
O retorno de Chaudhry facilitaria outra demanda de Sharif: julgar o ex-ditador por violar a Constituição. O ministro
da Justiça, Farooq Naek, disse
ontem que não houve acordo
de anistia: "No que diz respeito
às acusações, quem decidirá é a
coalização governista".
Com agências internacionais
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