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Sem sanção, Otan adverte Moscou por conflito
Decisão expõe incapacidade americana de impor linha dura; em Poti, Rússia captura 21 soldados georgianos
Inna/Reuters
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Russos vigiam georgianos em Senaki; tropa deixará Geórgia
DA REDAÇÃO
A reunião extraordinária da
Otan, a aliança militar ocidental, realizada ontem em Bruxelas para tratar do conflito na
Geórgia terminou com muita
retórica contra a ação da Rússia, mas poucas medidas concretas. O saldo explicita a divisão dos 26 países-membros entre a linha dura defendida por
Washington e a contemporização pregada pelas potências européias, que querem preservar
as relações com Moscou.
Em comunicado emitido
após a reunião dos chanceleres,
o secretário-geral da aliança,
Jaap de Hoop-Scheffer, disse
que a relação com a Rússia não
pode mais ser a mesma de antes
até que o país cumpra o acordo
de cessar-fogo mediado pela
União Européia e se retire da
Geórgia. "O futuro das nossas
relações dependerá de ações
concretas da Rússia", afirmou.
Scheffer disse que as reuniões do conselho de diálogo
que a Rússia e a Otan mantêm
estão suspensas nas "circunstâncias atuais", mas garantiu
que não em caráter definitivo.
Ele anunciou ainda uma comissão conjunta da Otan com a
Geórgia para supervisionar a
cooperação bilateral, mas sem
que se definissem prazos ou
iniciativas para acelerar o ingresso do país na aliança.
Abrandando o discurso, a secretária de Estado dos EUA,
Condoleezza Rice, que participou da reunião, disse que Washington não irá pressionar para
acelerar a adesão da Geórgia.
Ela voltou a afirmar que os
EUA, aliados de Tbilisi, não
permitirão que a Rússia estabeleça uma "nova linha" na Europa entre a Otan e o restante.
O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que a Otan apóia o
"regime criminoso" de Mikhail
Saakashvili e que o comunicado
terá conseqüências nas relações da aliança com Moscou. A
Rússia cancelou ontem manobras conjuntas que realizaria
com a Otan no mar Báltico.
Também ontem, o presidente russo, Dmitri Medvedev,
comprometeu-se com o francês Nicolas Sarkozy a completar a retirada da Geórgia, inicialmente prevista para segunda, até depois de amanhã, à exceção de 500 pessoas que ficarão encarregadas das medidas
adicionais de segurança.
Paralelamente ao encontro
da Otan, a OSCE (Organização
para a Segurança e Cooperação
na Europa) anunciou que enviará mais 20 monitores militares internacionais desarmados
para a Ossétia do Sul e o entorno da região autonomista georgiana, pivô do conflito da semana passada. O total pode subir a
cem para facilitar a saída russa.
Prisões
No front do conflito, novas
movimentações foram relatadas. No litoral do mar Negro, a
cidade portuária de Poti continua cercada, e 21 georgianos
em uniformes militares foram
capturados. Mais tarde, um fotógrafo da Associated Press registrou blindados russos levando os homens vendados e de
mãos atadas.
Segundo autoridades georgianas, eram militares e policiais que vigiavam o porto e haviam impedido a entrada dos
veículos russos e agora estão
sendo mantidos em uma base
militar na cidade de Senaki. O
Estado-Maior da Rússia confirmou a prisão de 21 georgianos
"fortemente armados" e agindo
sob nenhum tipo de controle.
Um repórter da France Presse testemunhou também uma
coluna de blindados russos deixando Gori em direção à fronteira da Rússia. Segundo autoridades militares, movimentações similares estão ocorrendo
por todo o país. Para o Ministério do Interior georgiano, trata-se de mero "espetáculo", e nenhum tanque ou soldado russo
deixou a Geórgia até agora.
Com agências internacionais
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