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Opositores voltam a parar regiões em ato anti-Morales
Protesto, convocado por governadores e empresários, paralisou atividades em 5 capitais
Enfrentamento em encrave pró-governo em Santa Cruz deixa 5 feridos; greve ocorre dez dias após referendo, que ratificou Morales e rivais
DA REDAÇÃO
Os governos, o comércio e as
principais empresas das capitais de cinco departamentos
controlados pela oposição da
Bolívia paralisaram atividades
ontem em protesto contra o
presidente Evo Morales. A mobilização de 24 horas provocou
cancelamentos de vôos de La
Paz às regiões e houve enfrentamentos entre grupos pró e
contra a greve em um bairro na
periferia da cidade de Santa
Cruz, a mais rica do país. Os
opositores prometem bloquear
as principais estradas hoje.
Num sinal de que a crise política boliviana está longe de um
desfecho, governadores e líderes empresariais e agrícolas do
leste boliviano, apoiados pelo
pobre departamento de Chuquisaca (centro), convocaram a
paralisação para demonstrar
força e unidade ante Morales
após o referendo revogatório
do último dia 10.
A consulta ratificou o presidente -com 67% de aprovação
e vitória em duas regiões opositoras- e confirmou nos cargos,
também com amplas votações,
os governadores rivais de Pando, Beni, Tarija, que concentra
a produção de gás, e Santa Cruz,
que responde por 27% do PIB.
Chuquisaca elegeu em junho
também uma oposicionista.
Oficialmente, a greve ocorreu para exigir que La Paz devolva às regiões parte de um
imposto sobre o gás, redirecionado pelo governo para pagar
um benefício a idosos. A disputa sobre a verba, que os opositores consideram chave para ter
autonomia administrativa, começou em dezembro passado.
De lá para cá o governo não
cedeu. Os opositores tampouco
aceitam o texto constitucional
aprovado por governistas em
2007, embora Morales prometa uni-lo às propostas autonômicas. A mais recente tentativa
frustrada de aproximar opiniões foi na semana passada.
Confrontos e impasse
Como em outras greves "cívicas" em Santa Cruz, houve confronto entre a União Juvenil
Cruzenha (UJC), o braço mais
radical da oposição, chancelado
como força de segurança, e militantes pró-governo no Plano
Três Mil, bairro pobre da capital, que agora reivindicam "autonomia" do departamento. A
Polícia Nacional interveio lançando gás lacrimogêneo. Cinco
pessoas ficaram feridas.
Desde a madrugada, a UJC
"patrulhava" ruas e avenidas
para garantir o sucesso da greve. Já simpatizantes do governo agrediram três repórteres
de TVs tidas como opositoras.
Em Tarija, integrantes de
uma réplica local da UJC ocupavam o edifício da Alfândega
desde a noite anterior. Morales
enviou soldados para reforçar a
segurança em várias representações nacionais nas regiões.
"Foi uma paralisação pacífica", disse o empresário Branko
Marinkovic, do poderoso Comitê Cívico de Santa Cruz, que
reúne a elite econômica, que
anunciou para hoje bloqueio de
estradas. O governo respondeu
chamando ao diálogo e dizendo
que a greve, que em geral funciona como toque de recolher
nas capitais, não teve adesão
nas periferias e no campo, em
mais um eixo de polarização.
"Está claro que houve uma
votação cruzada no referendo e
isso tem de ser debatido nas regiões", diz o analista Oscar Vega. Segundo ele, os oposicionistas estimulam a violência pontual para "dar idéia de caos e
descontrole", mas sabem com
isso que correm o risco de perder parte da simpatia da opinião pública.
(FLÁVIA MARREIRO)
Com agências internacionais
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