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UNIÃO EUROPÉIA
Em referendo, eleitores dão sua opinião sobre o Tratado de Nice, que abre caminho para expansão do bloco
Sem entusiasmo, irlandeses decidem futuro da UE
DA REDAÇÃO
O futuro da União Européia foi
decidido ontem, quando os irlandeses foram às urnas (pela segunda vez em menos de 18 meses) para decidir se aprovavam ou não o
Tratado de Nice (2000), que, entre
outras coisas, prevê as reformas
das instituições européias para
permitir a adesão de novos membros. O resultado do referendo só
deve ser conhecido hoje.
A rejeição do tratado por parte
dos irlandeses (quase 54% foram
contrários ao texto), em junho do
ano passado, chocou os líderes
europeus e mostrou que o sistema
de tomada de decisões da UE deverá ser alterado no futuro. De
acordo com analistas políticos, o
desinteresse dos eleitores foi responsável pela vitória do "não".
À época, só 34,8% dos eleitores
compareceram aos postos de votação, o que prejudicou as chances de adoção do tratado.
Ontem, o comparecimento às
urnas foi considerado bom. Segundo estimativas, deve ficar entre 39% e 43%. Um alto comparecimento era considerado fundamental para a vitória do "sim".
Sean Killalee, 49, foi o primeiro
a votar numa escola de Dublin.
"Votei no "sim". Eles merecem fazer parte do clube", afirmou Killalee, referindo-se aos países candidatos a aderir à UE, muitos deles
pertencentes ao antigo bloco comunista. "Isso será bom para a
economia irlandesa e para todos
os outros países", acrescentou.
"Tudo depende do número de
pessoas que vão votar. Fatos banais ou corriqueiros, como uma
chuva inesperada ou o aparecimento do sol, podem ser decisivos na contagem final dos votos",
disse Ben Tonra, especialista em
UE da Universidade de Dublin.
O clima na manhã de ontem era
frio, mas não chovia. O sol apareceu algumas vezes. Ademais, a
maioria do eleitorado parecia levar a sério a votação desta vez.
"Espero ter votado corretamente. É importante fazer parte de
uma comunidade de povos. Creio
que a unidade seja importante
-a unidade de entendimento e a
unidade de propósito", afirmou
Margaret Boran, uma freira de 86
anos que também votou na capital irlandesa, Dublin.
A Irlanda é o único país da UE
que depende do crivo popular para aprovar o Tratado de Nice. Os
outros 14 Estados, que já o ratificaram, só tiveram votação no Parlamento. Embora improvável, a
vitória do "não", segundo especialistas, atrasaria em ao menos
um ano a adesão de oito Estados
do Leste Europeu, além da de Chipre e de Malta, à UE.
De acordo com analistas, a resistência irlandesa ao tratado tem
inúmeras razões, porém as principais são o medo de que o país
venha a ser obrigado a abandonar
sua tradicional neutralidade político-militar e o de perder uma
parcela de sua soberania.
Além disso, o tratado diz que, ao
lado de outros países de menor
população, a Irlanda (3,9 milhões
de habitantes) perderá parte de
seu peso político nas instituições
européias, o que desagrada aos
partidários do "não": os Verdes, o
Sinn Fein (braço político do Exército Republicano Irlandês), a extrema esquerda e movimentos
pacifistas e antiglobalização. O
campo do "sim" reúne os principais partidos do país.
Com agências internacionais
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