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Diagnóstico bate, mas soluções propostas são bastante distintas
DA REDAÇÃO
Parece até uma clássica discussão acadêmica entre economistas
favoráveis e contrários às políticas
preconizadas pelo britânico John
Maynard Keynes (1883-1946) para combater a recessão. Todavia,
no caso alemão, a querela envolve
agentes socioeconômicos que
sempre encontraram soluções de
consenso para suas disputas: patrões e empregados.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, a economia social de
mercado alemã, motivo de orgulho de sua população, baseia-se
no chamado "modelo alemão",
um sistema em que as classes patronal e trabalhadora -apoiadas
por governo e bancos (muitas vezes, estatais)- buscam soluções
de compromisso para questões
que as atingem. Esse modelo está
sendo posto em xeque agora.
Na prática, o motivo dessa visível mudança de rumo é a estagnação econômica do país, que, há
cerca de uma década, apresenta
taxas de crescimento bastante
baixas (exceto em 2000, quando
atingiu 3%). Em 2001, o PIB do
país só foi 0,6% superior ao do
ano precedente. E, com base nas
estatísticas divulgadas no último
trimestre, o crescimento anual se
encontra em 0,2%.
Os efeitos dessa deterioração
econômica são os mais diversos,
porém dois deles inquietam particularmente os agentes socioeconômicos. Para o patronato, o número que faz soar o sinal de alarme é o de falências e de concordatas de empresas: entre 20 mil e 25
mil neste ano, segundo projeções.
Para os sindicatos, o número incômodo é o de 4 milhões de desempregados (9,9% da mão-de-obra ativa do país, que tem a terceira economia do planeta).
"O desemprego só será reduzido se o governo fizer maciços investimentos diretos em nossa
economia, pois os políticos não
podem só pensar no equilíbrio orçamentário sem levar em conta
suas consequências sociais", afirmou Claus Eilrich, diretor de imprensa de um dos maiores sindicatos alemães, o IG Metall.
"Seria importante que as empresas tivessem margem de manobra para tentar criar os empregos. Porém, com os atuais níveis
de contribuições sociais e de salários que elas são obrigadas a pagar, isso é impossível. Assim, o
governo deveria introduzir reformas no mercado de trabalho e na
tributação", disse Uta Knott, da
Federação das Indústrias Alemãs.
No centro da discussão está o
Pacto de Estabilidade europeu,
que exige que os países da zona do
euro não tenham déficits fiscais
superiores a 3% de seu PIB. No
caso alemão, aliás, esse objetivo
não será cumprido neste ano, visto que Berlim já reconheceu que
ele deverá ser de 3,5%.
"Precisamos mudar a política
monetária européia. O limite de
3% de déficit público não permite
que os governos tenham flexibilidade para agir quando há problemas conjunturais. Precisamos de
keynesianismo na Europa", disse
Wolfgang Schemeret, da Federação dos Sindicatos da Alemanha.
"Se o Pacto de Estabilidade for
abrandado, correremos dois sérios riscos: primeiro, o enfraquecimento do euro; segundo, um
aumento dos impostos para pagar a dívida pública", avaliou
Matthias Schoder, da Federação
das Câmaras de Comércio e Indústria da Alemanha.
(MSM)
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