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Número de moradores de rua bate recorde
DE NOVA YORK
Faça um teste: tente atravessar
dois quarteirões de Manhattan a
pé ou tomar um metrô sem encontrar um morador de rua que
lhe peça esmola, fale (sozinho) a
seu lado ou simplesmente marque presença na paisagem deitado no chão sobre caixas de papelões e um pedaço de plástico aberto à guisa de telhado.
Outro fantasma das décadas de
70 e 80 ameaça a rica Nova York
do século 21: a volta dos "homeless", termo em inglês que significa literalmente "sem lar" e que
substituiu o politicamente incorreto "mendigo".
Não há cálculos oficiais de
quantas pessoas moram nas ruas
de Nova York, mas um número
divulgado na semana passada serviu para colocar o problema em
perspectiva. Segundo a prefeitura,
os abrigos públicos oficiais receberam 37 mil sem-teto diariamente no mês passado, a maioria
mulheres e crianças.
É o maior número desde o recorde de 1987, quando a cidade
abrigou 29 mil pessoas em média
por dia. E pode ser ainda pior, segundo as ONGs da área, que afirmam que voluntários e samaritanos que distribuem sopas para a
população carente têm visto filas
como não viam desde os anos 80.
"O número de moradores de
rua é o mesmo de sempre", disse
o prefeito Michael Bloomberg.
"Não achamos que o problema
seja pior do que no passado, mas
estamos nos concentrando nele
mais do que nunca e vamos continuar fazendo isso."
O prefeito não comenta, mas o
fato é que a chamada "indústria
dos sem-teto" movimenta um
bom dinheiro e atrai cada vez
mais comerciantes interessados
em lucrar com o problema.
É que, no auge da crise dos anos
80, entidades de direitos humanos pressionaram para que fossem aprovadas leis municipais
que lidassem com a situação.
Uma delas, a mais polêmica, obriga a cidade a pagar hotel para todos as pessoas que não caibam
nos abrigos oficiais.
É aí que entra a oportunidade:
por lei, a diária a ser paga varia entre US$ 90 e US$ 95, a mesma de
muito hotel frequentado por turista brasileiro e metade da taxa
média da cidade. Assim, nos últimos anos houve um verdadeiro
boom de hotéis de mendigos, geralmente ex-residências transformadas em pensões, alguns em
áreas nobres de Manhattan.
(SD)
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