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Israel exercita bombardeio aos sítios nucleares do Irã
Operação sobre o Mediterrâneo reuniu uma centena de caças-bombardeiros
Israel não confirma a ação, que provoca alerta russo; chefe da agência atômica da ONU ameaça renunciar caso israelenses ataquem o Irã
DA REDAÇÃO
Na primeira semana deste
mês, Israel mobilizou uma centena de caças-bombardeiros
F-15 e F-16 em exercícios militares sobre o Mediterrâneo,
numa simulação de um ataque
aéreo ao Irã para a destruição
de suas instalações nucleares.
A operação procurou simular
um bombardeio a um alvo situado a 1.450 km -é a mesma
distância que separa bases israelenses da usina de Natanz,
onde o Irã enriquece urânio- e
envolveu helicópteros para o
resgate de pilotos e aviões-tanques para o abastecimento dos
caças em pleno vôo.
A informação sobre o exercício militar, publicada pelo
"New York Times", não foi confirmada por Israel. Em comunicado, o país disse que "regularmente simula missões para
fazer face às ameaças".
O primeiro-ministro Ehud
Olmert reiterou na quarta, em
entrevista à revista "Der Spiegel", que não descarta o uso da
força para impedir que o Irã
produza a bomba atômica.
Um informante do Pentágono disse ao "New York Times"
que o exercício israelense sobre
o Mediterrâneo pode ser objeto
de duas leituras. A primeira,
mais óbvia, é de que o Irã não
construiria impunemente a
bomba atômica. A segunda,
mas sutil, é a de que Israel não
se conformará com a posição
americana de pressionar o Irã
só por meios diplomáticos.
Em Moscou, o ministro russo
das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, advertiu contra
ações militares, afirmando não
existirem provas de que o programa nuclear iraniano tenha
más intenções.
El Baradei protesta
O diretor-geral da AIEA
(Agência Internacional de
Energia Atômica), Mohamed
El Baradei, disse que renunciaria a seu posto caso o Irã seja
bombardeado. "A região se tornaria uma bola de fogo", afirmou. A seu ver, se o país não estiver fabricando a bomba, ele o
faria caso fosse atacado.
O regime iraniano afirma que
usará a energia atômica só para
produzir eletricidade. Mas informações omitidas no passado
indicam que a bomba está ou já
esteve entre seus planos.
A questão é particularmente
dramática para Israel, que deveria ser "varrido do mapa", segundo o presidente iraniano,
Mahmoud Ahmadinejad. O Irã
se fortaleceu a partir do colapso
de seu grande rival regional, o
Iraque. Analistas atribuem ao
regime islâmico intenções hegemônicas sobre os vizinhos.
Um analista militar israelense, Martin van Creveld, disse
que os preparativos para uma
retaliação militar ao Irã estão
sendo ultimados há tempos.
Mas afirmou que dificilmente
todas as instalações nucleares
seriam atingidas, já que parte
delas foi construída em túneis e
em locais dispersos pelo país.
Há o precedente de 1981,
quando caças israelenses destruíram no Iraque um reator
vendido pela França. Em setembro último Israel bombardeou na Síria um local onde, segundo Washington, seria construído um reator com a ajuda
da Coréia do Norte.
"Tapa na cara"
Em Teerã, a única reação
partiu de Ahmad Khatami, um
dos aiatolás mais apegados à
ortodoxia do regime. Afirmou
que, "se nossos inimigos adotarem uma linguagem de força,
receberão um tapa na cara".
O exercício aéreo israelense
coincidiu com a declaração do
vice-primeiro-ministro israelense Shaul Mofaz, em 6 de junho, de que seu país estava disposto a destruir as instalações
nucleares iranianas.
No entanto, diz o "New York
Times", Israel informou em seguida aos Estados Unidos que
Mofaz não havia sido porta-voz
de posição oficial.
Caso Israel queira levar
adiante seu plano, o ataque poderá ocorrer a curto prazo, calcula o jornal. Isso porque a inteligência americana acredita
que estão para ser entregues ao
Irã mísseis terra-ar SA-20, fornecidos pela Rússia. Eles poderão atingir Israel e também as
forças dos EUA no Iraque.
Com agências internacionais
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