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EUROPA
Necessidades política e moral são mais fortes do que entraves práticos; ampliação deverá ser definida no fim do ano
Expansão faz UE superar disputa agrícola
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Pouco tempo depois de afirmar
que a expansão da União Européia deveria ocorrer após a reforma da PAC (Política Agrícola Comum), Anders Fogh Rasmussen,
premiê dinamarquês, reiterou sua
intenção de fechar um acordo sobre a primeira onda de ampliação
do bloco até o final do ano -mesmo que as complexas negociações
relacionadas à concessão de ajuda
financeira direta aos agricultores
não estiverem concluídas.
Na última segunda, Rasmussen,
que ocupa a presidência rotativa
da UE desde 1º julho, declarou
que estava "otimista em relação à
possibilidade de fechar um acordo até dezembro". Isso permitiria
a adesão de dez novos membros,
segundo ele. "Se isso não for possível, concluiremos as negociações com os países que estiverem
prontos", precisou o premiê.
"A expansão é necessária política e moralmente. Os "pais" do projeto europeu acreditavam que,
um dia, o bloco pudesse expandir-se para o leste e que as sociedades comunistas devessem sentir-se atraídas por seus benefícios.
Contudo eles jamais refletiram
sobre o modo como, na prática, a
UE poderia funcionar com mais
de 20 Estados", explicou à Folha
Anne-Marie Le Gloannec, autora
de "Entre Union et Nation: les
Etats en Europe".
Com isso, as divergências sobre
a PAC, que opõem sobretudo a
França à Alemanha, deixam de
ser um "obstáculo intransponível". Ademais, Rasmussen não
quer perder a chance de selar a
primeira onda de ampliação da
UE na presidência dinamarquesa,
que termina no final deste ano.
"Estamos convencidos de que é
possível realizar a expansão dentro do atual quadro orçamentário
da união. Creio que as negociações sobre a questão agrícola possam ocorrer paralelamente", declarou Rasmussen em Paris.
Na cúpula realizada em Sevilha
(Espanha), em 22 de junho último, os dirigentes europeus comprometeram-se a concluir até "os
primeiros dias de novembro" as
discussões sobre a concessão de
ajuda financeira direta aos agricultores dos futuros países do bloco -para não retardar o processo
de ampliação. Os novos membros
deverão entrar na união em 2004.
Ainda em Sevilha, os 15 Estados
atuais da UE estabeleceram que,
até dezembro, as negociações sobre a adesão dos primeiros candidatos deveriam ser concluídas. Os
aspirantes são Chipre, Malta,
Hungria, Polônia, Eslováquia, Lituânia, Letônia, Estônia, Eslovênia e República Tcheca.
Todavia eles continuam divididos no que se refere à ajuda financeira que será concedida aos agricultores dos novos membros. A
Comissão Européia propôs limitá-la a 25% do nível da ajuda concedida aos atuais membros em
2004 e aumentá-la progressivamente até 2013.
"Essa questão é relevante por
conta da possível adesão da Polônia. Politicamente, é crucial para
os alemães que ela não seja preterida. Por outro lado, a Alemanha,
que já é a maior financiadora da
PAC, não quer elevar suas cotizações, o que dificulta as negociações", analisou Le Gloannec.
Isso porque a ajuda financeira
direta concedida aos agricultores
depende da população total do
país. Os poloneses teriam direito,
portanto, a algo parecido com o
que recebem os agricultores da
Espanha, país de pouco mais de
40 milhões de habitantes.
Assim, é certo que a UE terá novos países a partir de 2004. No entanto tudo indica que eles serão
-ao menos no início- membros de segunda categoria.
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