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Nos EUA, MD-82, pivô de desastre, é alvo de revisão
Acidentes com o modelo já deixaram mais de mil mortos; para especialistas, aeronave é antiga, mas não é insegura
Avião fabricado até 1999 pela Boeing não é usado no Brasil; empresa americana encontrou problemas no trem de pouso e troca a frota
DA REPORTAGEM LOCAL
O modelo de avião MD-82
-que se envolveu no acidente
de ontem em Madri- pertence
à mesma série que levou a
agência federal de aviação dos
EUA a determinar inspeções na
frota de companhias aéreas do
país nos últimos meses.
A medida levou ao cancelamento de milhares de vôos e
atingiu principalmente a American Airlines -que tem a
maior frota dessa série de aeronaves. Um dos alertas envolvia
problemas no trem de pouso.
A empresa manifestou recentemente a intenção de acelerar a substituição dos seus
aviões MD-80 por aparelhos
737-800, sob a justificativa de
buscar economia no consumo
de combustível.
O MD-82, que integra a série
do MD-80, é um avião de médio
porte (até 172 passageiros), utilizado principalmente em curtas distâncias, para vôos domésticos. A Anac (agência de
aviação brasileira) diz não haver hoje nenhuma aeronave do
tipo cadastrada no Brasil.
O modelo do projeto e a tecnologia são considerados antigos -o que não significa inseguro, dizem especialistas.
Os primeiros aviões da série
começaram a operar em 1980.
Entre as primeiras companhias
a utilizá-lo estiveram a Swissair
e a Austrian Airlines, além de
empresas de vôos fretados.
A produção da linha MD-80
foi interrompida em 1999, dois
anos depois de a Boeing incorporar a norte-americana
McDonnell Douglas, que foi a
criadora dessa aeronave.
Segundo dois especialistas
brasileiros, a explicação para a
Boeing ter deixado de fabricá-lo está ligada a fatores comerciais (para não concorrer com
seu 737) e não a questionamentos sobre sua segurança.
"Se houvesse alguma dúvida
sobre os riscos desse modelo,
ele não seria autorizado a voar
até hoje pelo mundo", avalia
Ronaldo Jenkins, que é coordenador de segurança de vôo do
Snea (sindicato das empresas
aéreas brasileiras).
Assim como Jenkins, Roberto Peterka, também especialista em segurança de vôo, considera que as inspeções da frota
de MD-80 determinadas nos
Estados Unidos são apenas medidas corretivas tradicionais,
que não podem, por enquanto,
ser vinculadas às causas do acidente de ontem em Madri.
Acidentes
Em menos de duas décadas
foram produzidos cerca de
1.200 aviões da série MD-80
-e, segundo a Boeing, a American Airlines operava 275.
A Aviation Safety Network
(organização internacional independente de aviação) diz que
essas aeronaves já se envolveram em 56 incidentes, sendo 23
com mais gravidade e um total
superior a mil mortes.
Somente nos últimos três
anos houve quatro acidentes
graves com a frota de MD-80,
totalizando mais de 450 mortos (incluindo os de ontem).
Entre as tragédias mais recentes esteve a queda de um
MD-82 na Venezuela em 2005,
por falha nos motores, com 160
mortos. Ele pertencia à empresa West Caribbean e levava turistas do Panamá para a ilha caribenha de Martinica.
O MD-82 é um jato bimotor,
com 45 metros de comprimento e turbinas Pratt Whitney na
parte traseira da fuselagem.
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