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IRAQUE OCUPADO
Informante era considerado "coordenador de logística" do ex-ditador; americanos matam 3 policiais iraquianos
"Braço direito" entregou Saddam, dizem EUA
DA REDAÇÃO
Um homem de meia-idade, calvo, um tanto acima do peso e conquistador, que os militares americanos descreveram como "o braço direito de Saddam Hussein durante os últimos oito meses", foi o
responsável pelo maior triunfo
americano no Iraque desde a tomada de Bagdá, em abril.
Preso no último dia 12 na capital
após três tentativas infrutíferas, o
veterano da Organização Especial
de Segurança de Saddam levou
apenas algumas horas para dizer
o paradeiro do ex-ditador, capturado no dia 13.
"É um tipo desprezível, que deveria apodrecer na cadeia", disse
o major Stan Murphy, chefe de inteligência da 4ª Divisão de Infantaria. O homem, cuja identidade
não foi revelada, não estava na lista dos 200 iraquianos mais procurados pelos EUA.
O informante trabalhava para
Saddam desde o fim de sua adolescência e fazia parte de uma das
cinco famílias mais próximas do
ex-ditador, que durante seu regime eram conhecidas como fontes
de comandantes militares, ministros e chefes de segurança.
Com outros quatro iraquianos
pertencentes a um desses clãs, que
os americanos apelidaram de
"viabilizadores", o homem acompanhava todos os passos do ex-ditador durante os oito meses em
que ele eludiu as forças dos EUA
ficando, segundo Murphy, no
máximo dois dias em cada esconderijo e se deslocando em táxis.
Era por esses "viabilizadores"
que Saddam recebia informações
sobre a insurgência iraquiana,
que como o comando americano
descreveu esta semana, lhe prestava contas "como um filho dá satisfações a um pai". Também
eram eles que faziam chegar aos
insurgentes armas e dinheiro dados por Saddam, além de ordens
rudimentares como o pedido para aumentar os ataques.
Para chegar ao "braço direito",
aquele que os militares dizem ter
sido por oito meses o "confidente" de Saddam e seu "coordenador de logística", os serviços de
inteligência americanos trabalharam mais de seis meses em um organograma com a rede de aliados
do ex-ditador, que atuava durante
o regime e estaria em ação também após sua derrocada.
A confecção do diagrama começou em junho com quatro nomes.
Em dezembro já tinha 250, com
uma lista anexa de mais de 9.000
pessoas ligadas de alguma forma
ao regime e investigadas pelos
EUA. Mas foi só em novembro
que constataram a importância
do "braço direito" e começaram a
se empenhar em sua captura.
Segundo Murphy, ele não receberá a recompensa de US$ 25 milhões por pistas do ex-ditador.
Dia tranquilo
O Iraque teve um dia relativamente tranquilo ontem. A surpresa foi a visita do premiê espanhol,
José María Aznar, a suas tropas.
No norte do país, na região de
Kirkuk, três policiais iraquianos
foram mortos e outros dois foram
feridos por soldados dos EUA que
os confundiram com supostos
contrabandistas de antiguidades
durante uma patrulha.
Segundo a polícia de Kirkuk, os
soldados abriram fogo contra os
dois carros em que os iraquianos
estavam. O incidente ocorreu
pouco após a meia-noite. Os EUA
não comentaram.
Em Najaf, cidade sagrada para
os xiitas no sul do país, uma criança e um ex-membro do extinto
partido Baath, ao qual Saddam
pertencia, foram mortos em ataques distintos. Outro ex-integrante foi ferido.
A professora Dhamya Abbas,
alvo do primeiro ataque, sobreviveu, mas seu filho de oito anos
morreu. "Eu estava levando meu
filho para a escola quando pessoas numa motocicleta começaram a atirar com rifles Kalashnikov", disse. "Eu deixei o Baath há
cinco anos."
Ali Kassem, também um ex-integrante do partido que trabalhava no serviço secreto de Saddam,
foi morto a tiros em outro ataque.
Os ataques geram temores de
uma onda de violência sectária no
país. Nos 35 anos que esteve no
poder, o Baath reprimiu a maioria
xiita em prol da minoria sunita.
Na última quinta-feira, outro
integrante do Baath foi linchado
até a morte em Najaf.
Além disso, ataques a mesquitas
e a políticos xiitas, considerados
colaboradores dos EUA, se tornaram constantes. Nesta semana,
um prédio do maior grupo político xiita do país foi alvo de uma
bomba, e um membro do partido
foi assassinado.
Com agências internacionais
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