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Mães biológicas sofrem com estigma
DA REDAÇÃO
Um vértice do triângulo da adoção costuma aparecer pouco em
estudos do tema: as mães biológicas. Enquanto em outros países as
agências governamentais e não
governamentais que cuidam dos
processos de adoção oferecem às
mães biológicas o mesmo apoio
dado aos pais adotivos, no Brasil
trabalhos desse gênero inexistem.
"O que existe são algumas instituições de acolhimento. Mas não
há nenhum amparo de fato, inclusive para o processo de decisão",
disse à Folha a psicóloga Maria
Antonieta Pisano Motta, autora
do livro "Mães Abandonadas - A
Entrega de um Filho em Adoção"
(Cortez, 2001). "É uma decisão legalmente tomada logo após o parto, num momento em que a mulher está muito descentrada, ela
ainda precisa ir para o Judiciário e
parecer coerente."
Sem apoio, muitas mulheres
acabam, ante o sentimento de
perda, incorrendo numa nova
gravidez e numa nova doação.
Motta vê nessa falta de apoio
um dos maiores motivos para
parte das adoções no Brasil ainda
ocorrer ilegalmente. "Existe uma
ignorância generalizada sobre o
tema. Muitas mães acham que estão cometendo um ato ilegal", diz.
"Não existem políticas públicas
nesse sentido."
Finalmente, diz a psicóloga, as
mulheres se vêem diante do estigma de ter doado um filho. "Normalmente, elas se preocupam em
dar um destino razoável para a
criança, mas quase todas levam a
pecha de desnaturadas. Imagine
se vão pensar em políticas públicas para acolhê-las."
(LC)
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