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GUERRA SEM LIMITES
Bagdá ameaça não cooperar com Nações Unidas; Pentágono já enviou a Bush plano de ataque militar
Iraque diz rejeitar nova resolução da ONU
DA REDAÇÃO
O Iraque declarou ontem que
não aceitará uma nova resolução
do Conselho de Segurança (CS)
da ONU (Organização das Nações
Unidas) que contrarie um suposto acordo que teria sido fechado
entre o país e o secretário-geral da
entidade, Kofi Annan.
O anúncio, divulgado pela rádio
estatal de Bagdá, não deu detalhes
sobre que acordo teria sido alcançado entre o Iraque e Annan. A
ONU não se manifestou e, pelo
que se sabe até o momento, não
houve acordo entre Kofi Annan e
o regime de Saddam Hussein.
Na última segunda-feira, Bagdá,
sob ameaça de um ataque dos
EUA, enviou uma carta a Annan
na qual dizia aceitar incondicionalmente o retorno das inspeções
de armamentos da ONU ao país.
As inspeções foram impostas
pelo CS da ONU após a derrota do
Iraque na Guerra do Golfo (1991)
com o objetivo de fiscalizar e eliminar os arsenais de armas de
destruição em massa do país.
Em 98, os inspetores foram expulsos do Iraque, acusados de espionar para os EUA. Nos últimos
meses, os EUA têm ameaçado
atacar o Iraque, sob o argumento
de que Saddam não cumpre as resoluções que determinam o desarmamento do país.
A mudança de atitude iraquiana, permitindo o retorno das inspeções, teria sido tomada após o
regime de Saddam ter percebido
que os EUA estavam conseguindo
convencer importantes líderes,
inclusive de países árabes como a
Arábia Saudita e o Egito, da necessidade de agir militarmente
devido ao bloqueio das inspeções.
A Arábia Saudita, vizinha ao
Iraque, sinalizou que poderia liberar o uso de suas bases militares
por forças americanas se a ONU
aprovasse uma ação militar.
Os EUA, no entanto, não aceitaram o recuo iraquiano e exigem
que o CS da ONU aprove uma resolução autorizando um ataque
ao Iraque caso o país não coopere
totalmente com as novas inspeções, que devem começar em algumas semanas.
"O Iraque anuncia que não cooperará com uma nova resolução
que seja diferente do que foi acordado com o secretário-geral",
anunciou declaração divulgada
após reunião de cúpula do regime
iraquiano, da qual o próprio Saddam teria participado.
O CS da ONU deve se reunir nos
próximos dias para analisar a situação, mas o presidente George
W. Bush já alertou que os EUA estão dispostos a agir se a ONU não
atuar com firmeza.
Para aprovar uma nova resolução, os EUA necessitam do apoio
de nove dos 15 países que integram o Conselho de Segurança.
EUA, Reino Unido, França, Rússia e China são membros permanentes e têm direito a veto. O Reino Unido apóia os EUA, mas a
Rússia não considera necessário
aprovar uma nova resolução e defende o retorno rápido dos inspetores. França e China são reticentes a apoiar uma resolução que
autorize um ataque militar.
Bush já tem plano de ataque
Segundo o "The New York Times", o Pentágono (comando militar dos EUA) entregou a Bush,
no início de setembro, um plano
detalhado de ataque ao Iraque.
O jornal não teve acesso a detalhes, mas diz que o ataque começaria com uma campanha de
bombardeios aéreos seguida da
entrada em ação de milhares de
marines e soldados a partir do vizinho Kuait e, talvez, de outros
países da região.
Os meses mais frios de janeiro e
fevereiro seriam os mais adequados a uma ação militar, que teria
como objetivo derrubar Saddam.
Ontem, o general Tommy Franks,
que deverá ser responsável por
uma eventual ação militar, visitou
tropas americanas no Kuait, onde
os EUA realizarão exercícios militares nos próximos dias.
Segundo o jornal britânico "The
Times", os EUA analisam a veracidade de um documento obtido
pelo país no qual Saddam autorizaria seus comandantes militares
a utilizar armas químicas contra
forças invasoras dos EUA.
Se os EUA concluírem que o suposto documento é verídico, poderiam apresentá-lo à ONU como
prova de que Saddam possui armas químicas e pretende usá-las
caso se sinta ameaçado. A Rússia
admite apoiar uma ação militar se
for provado que o Iraque possui
armas do tipo. Em discurso na
ONU, o chanceler iraquiano, Naji
Sabri, negou que o Iraque possua
armas de destruição em massa.
Na próxima terça-feira, o primeiro-ministro britânico, Tony
Blair, promete divulgar documento que conteria provas contra
o regime de Saddam Hussein.
Com agência internacionais
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