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Empresários são arma contra o desemprego
DO ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
O chanceler (premiê) Gerhard
Schröder (SPD) e seu maior oponente na disputa eleitoral, Edmund Stoiber (CDU/CSU), têm
cartas na manga no que se refere
ao mais grave problema alemão
atual, o desemprego: duas figuras
de ponta do mundo empresarial.
Há alguns meses, quando ainda
estava bem atrás nas pesquisas de
intenção de voto, Schröder convidou seu amigo pessoal Peter
Hartz, diretor de pessoal da
Volkswagen, para comandar uma
comissão de especialistas que
proporia um plano de combate ao
desemprego. Este foi divulgado
em agosto e deverá começar a ser
implantado em breve se o chanceler for reeleito no pleito de hoje.
Stoiber, por sua vez, que enfrenta forte rejeição no leste do país,
região mais duramente atingida
pelo desemprego (17,7% em média -contra 7,8% no restante da
Alemanha), tem em sua equipe o
ex-governador do rico Estado de
Baden-Wurttemberg Wolfgang
Späth. Como executivo de ótima
reputação, ele foi responsável pela
transição da empresa de alta tecnologia ótica (lentes etc.) Zeiss, situada em Jena (leste), para a economia de mercado.
"O Plano Hartz desempenha
um papel político importante,
pois torna Schröder mais crível
no que concerne ao combate ao
desemprego, o calcanhar-de-aquiles de sua administração.
Trata-se de propostas que ultrapassam as paixões partidárias e
que podem convencer tanto as indústrias quanto os sindicatos a
participar de uma tentativa de retomada de crescimento econômico, reduzindo o desemprego",
afirmou à Folha Manfred Nitsch,
especialista em economia política
da Universidade Livre de Berlim.
"Späth é muito bem-visto em
várias cidades do leste do país
porque conseguiu colocar a Zeiss,
uma das mais tradicionais e reputadas empresas da Alemanha, em
condições de participar ativamente da economia de mercado
sem que o número de seus empregados fosse muito reduzido",
apontou Anne-Marie Le Gloannec, do Centro Marc Bloch, um
instituto de pesquisas franco-alemão situado em Berlim.
Contudo, como sempre nesse
tipo de situação, não faltam críticas aos coringas dos dois candidatos. "O Plano Hartz inclui algumas propostas úteis, mas não prevê mudanças significativas no restritivo mercado de trabalho nem
reduções das contribuições sociais das empresas, sem o que elas
continuarão sobrecarregadas",
explicou Juergen Michels, analista
do Citigroup.
"A recuperação da Zeiss custou
caro. E Späth foi obrigado a renunciar ao governo de Baden-Wurttemberg por conta de denúncias de ter aceito vôos gratuitos de algumas empresas. Ademais, ele já é bastante idoso, e fala-se muito que ele nem assumiria o
Ministério da Economia e do Trabalho, o que, é lógico, Stoiber desmente", afirmou Nitsch.
Uma coisa é certa: a sociedade
alemã é avessa a mudanças drásticas e não aceitará reformas que
ponham em risco os ganhos sociais conquistados progressivamente desde o século 19.
(MSM)
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