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Verdes se resumem a Joschka Fischer
RODRIGO UCHOA
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
Uma música bávara ao fundo e
Joschka Fischer fazendo careta,
ironizando Edmund Stoiber e os
conservadores. Depois, com uma
música mais "moderna", ele repete slogans do partido. Esse é apenas um exemplo da propaganda
que os Verdes vêm vinculando
para explorar o apelo eleitoral do
maior expoente do partido, o ministro das Relações Exteriores.
"Ministro por fora, Verde por
dentro", mostram os letreiros dos
cartazes espalhados pelo país.
"Ele é sem dúvida o esteio de
nossa campanha", afirma Reinhard Bütikofer, secretário-geral
dos Verdes. Bütikofer diz que
usar o ministro como base da
campanha é sim um modo de capitalizar com a popularidade de
Fischer, tido como o político mais
carismático da Alemanha, mas
também de mostrar que o partido
é viável em suas propostas, pois já
faz parte do governo desde 1998.
O dirigente explica que o humor
é essencial para continuar cativando o eleitorado do partido,
composto em mais de 60% de
pessoas de até 30 anos -60%
desses eleitores são mulheres.
Fischer, o modelo de "humor e
jovialidade", é hoje um senhor de
54 anos, Ele está desde 1983 na vida política, quando foi eleito pela
primeira vez deputado.
Fischer foi o primeiro verde a
assumir um cargo executivo relevante, quando aceitou a Secretaria do Meio Ambiente de Hesse,
um Estado do centro-sul do país.
Filho de um açougueiro de origem húngara, Joschka Fischer
abandonou a escola ainda antes
de completar o segundo grau,
com 19 anos.
Teve um início de carreira radical. Há pouco tempo, teve de pedir desculpas públicas por ter batido em um policial durante uma
manifestação de rua em 1973. Depois disso, quando já na vida pública, derivou para a facção dos
"realo", como se denominam os
"realistas" dos Verdes.
"Estamos confiantes de que superaremos os votos dos liberais e
de que o governo "rubro-verde"
continuará", diz Bütikofer.
Porém as coisas não são tão
azuis como pode tentar fazer crer
o dirigente dos Verdes. Uma onda
de criticismo entre os tradicionais
eleitores teve início depois que
tropas alemãs foram usadas na
campanha de Kosovo.
"Foi um choque para mim e me
fez repensar o próximo voto",
afirma Irina Speisser, 24, uma
universitária berlinense que se define como eleitora dos Verdes
"desde sempre". "Mas eu gosto de
Fischer", completa.
Para um partido pacifista, foi difícil convencer os eleitores de que
o princípio quase dogmático de
não-intervenção militar deveria
ser superado.
Mais difícil está sendo explicar
como seria uma eventual participação numa campanha contra o
Iraque, se os EUA iniciarem o ataque. "O ataque seria legítimo se o
Conselho de Segurança das Nações Unidas decidisse que essa seria a única maneira de para a produção de armas de destruição em
massa por parte do regime de
Saddam Hussein. Entretanto não
haveria a presença de tropas alemãs", afirma Bütikofer.
O jornalista Rodrigo Uchoa viajou a
convite do governo alemão
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