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CHOQUE E PAVOR
Inimigo deve ser paralisado
Livro de 1996 fez a cabeça de Rumsfeld
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O livrinho que fez a cabeça do
secretário de defesa americano
Donald Rumsfeld foi publicado
em 1996 e propõe uma maneira
de reformular a maneira como os
EUA lutam suas guerras no mundo pós-Guerra Fria.
As propostas do livro são polêmicas ainda entre os próprios militares, alguns dos quais resistiam
às idéias de reforma de Rumsfeld.
Mas, se a guerra terminar rapidamente no Iraque, as propostas terão sido em boa parte validadas.
"Choque e Pavor - Obtendo a
Dominância Rápida" ("Shock
and Awe - Achieving Rapid Dominance") foi escrito por dois ex-militares e hoje especialistas em
estratégia, Harlan K. Ullman e James P. Wade. O livro foi publicado pelo Pentágono.
"A base da Dominância Rápida
se baseia na sua capacidade de
afetar a vontade, a percepção e a
compreensão do adversário através da imposição de suficiente
choque e pavor para obter os necessários objetivos políticos, estratégicos e operacionais do conflito ou crise que levou ao uso da
força", diz um trecho do livro.
Os autores afirmam que o princípio do "choque e pavor" tinha
sido compreendido tanto pelo
grande pensador ocidental da
guerra, o alemão Carl von Clausewitz, do século 19, como também
pelo maior pensador oriental, o
chinês Sun Tzu, do século 5 a.C.
"Na visão clausewitziana, "choque e pavor" eram efeitos necessários da aplicação do poder militar
e eram destinados a destruir a
vontade de um adversário de resistir", afirma o livro.
Já Sun Tzu escreveu que desarmar o adversário antes da batalha
era o resultado mais eficaz que
um comandante poderia querer.
A idéia central é paralisar a vontade do inimigo de reagir. "Isso
significa que efeitos físicos e psicológicos devem ser obtidos."
Ou seja, é preciso não só "decapitar" fisicamente a liderança, como impedi-la de seguir e transmitir ordens. As forças podem ser
menores, mas têm de ser ágeis e
dotadas de mais tecnologia. Velocidade é fundamental.
A doutrina atual -e tradicional- das Forças Armadas é a da
"força decisiva", cuja base é um
poder avassalador ao qual o inimigo não teria como resistir.
As diferenças significam que,
com Rumsfeld no comando, hoje
são cerca de 150.000 soldados atacando, e não 250.000. Apenas
uma divisão "pesada" constitui a
ponta-de-lança do ataque, contra
as quatro ou cinco que se achava
que seriam o ideal pela doutrina
da "força decisiva".
O avanço rápido anglo-americano no Iraque está justificando o
otimismo de Rumsfeld, que, segundo a imprensa dos EUA, desde o começo planejava um ataque
que seria mais semelhante a uma
campanha do Afeganistão ampliada do que a uma repetição da
Guerra do Golfo, de 1991.
Se a guerra terminar logo, o resultado deverá facilitar seus planos para tornar os militares mais
ágeis e letais -às vezes contra o
conservadorismo deles próprios.
São apenas 250 tanques M1A2
Abrams na unidade mais poderosa, a 3ª Divisão de Infantaria. Em
91, eram mais de 2.000.
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