São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Conflito foi o pior na região pós-2ª Guerra

DA REDAÇÃO

A rapidez com que a ex-Iugoslávia se fragmentou nos anos 90 demonstrou o artificialismo da unidade mantida pelo regime comunista, liderado por Josip Broz Tito. Seu sucessor, Slobodan Milosevic, converteu-se ao projeto de submeter parte dos Bálcãs à hegemonia de uma "Grande Sérvia", com cristãos ortodoxos se sobrepondo aos interesses territoriais dos muçulmanos da Bósnia ou de Kosovo.
O lugar-tenente de Milosevic na Bósnia-Herzegóvina foi justamente Radovan Karadzic, durante a guerra civil (1992-1995) que deixou um saldo de 250 mil mortos e 1,8 milhão de pessoas expulsas de seus domicílios.
O processo de secessão começou em junho de 1991, com a Eslovênia e a Croácia declarando a independência da federação iugoslava. Em dezembro foi a vez da Macedônia.
No início de 1992 os bósnios e croatas também votaram para criar seu próprio país. Mas as duas regiões estavam nos planos da Sérvia, que se tornou uma federação com Montenegro e passou a combater independentistas armados, dizimar civis desarmados por terem simpatia pela independência, ou proprietários muçulmanos de terras a serem confiscadas.

Srebrenica e Sarajevo
Karadzic foi o responsável pela maior matança humana perpetrada na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Em companhia de Ratko Mladic, general e chefe de seu Estado-Maior, Karadzic e seus milicianos ocuparam o encrave de Srebrenica, que na época estava sob a proteção da ONU, exterminando praticamente todos os 8.000 muçulmanos do sexo masculino.
O cerco de 44 meses a Sarajevo terminou em fevereiro de 1996 com 12 mil mortos e 50 mil feridos, além de uma população esgotada pela falta de alimentos e remédios.
Sanções econômicas votadas pelo Conselho de Segurança e a intervenção das forças da ONU colocaram fim ao conflito, que eclodiria novamente dois anos depois.
Em 1998, já com Radovan Karadzic na clandestinidade, Milosevic tenta reverter a composição demográfica de Kosovo, onde os albaneses étnicos (muçulmanos) eram maioria, e reforçar na Província a tutela sérvia. A "limpeza étnica" voltou a ser utilizada. A União Européia hesitou em reagir. A reação militar partiu então da Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos.
A queda de Milosevic em 2000 apaziguou novamente a região, onde Kosovo -desta vez sem reação militar da Sérvia- declarou unilateralmente em fevereiro último sua independência, fato que dividiu a União Européia e despertou reações enraivecidas da Rússia, aliada dos sérvios há quase três séculos, por afinidades religiosas e culturais.


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