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Parlamento aprova voto de confiança no premiê indiano
Resultado permite a Manmohan Singh dar continuidade ao acordo de cooperação nuclear com os EUA, assinado em 2005
Sessão extraordinária havia sido convocada após saída de comunistas do governo e foi marcada por acusações de suborno de deputados
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, obteve
ontem o voto de confiança da
Câmara baixa do Parlamento
para continuar à frente do governo até maio de 2009, quando serão realizadas as próximas
eleições legislativas. A vitória
garante a continuidade dos planos para a ratificação do acordo
de cooperação nuclear com os
EUA, assinado em 2005.
Foram 275 votos a favor da
moção de confiança, 256 contra
e dez abstenções. Eram necessários 271 votos para a aprovação. Uma derrota ontem obrigaria Singh, desde 2004 no cargo, a antecipar as eleições para
o segundo semestre deste ano.
A sessão extraordinária, que
teve início na segunda-feira, foi
convocada após a coalizão governista, liderada pelo Partido
do Congresso, de Singh, perder
a maioria no Parlamento no
início do mês. Quatro partidos
comunistas deixaram a base de
apoio do governo em protesto
ao acordo com os EUA.
Parlamentares oposicionistas, liderados pelo nacionalista
BJP (Partido Bharatiya Janata), acusaram governistas de
recorrer ao vale-tudo para
atrair a maioria necessária. No
momento mais tenso, deputados atiraram notas de dinheiro
para o alto em referência a supostas tentativas de suborno
por parte do governo.
Cooperação nuclear
O acordo de cooperação nuclear civil, que ainda precisa ser
aprovado nos respectivos Legislativos, dará à Índia acesso a
combustíveis e tecnologias nucleares comercializados no
mercado internacional.
Em troca, o país, que possui a
bomba atômica e não é signatário do TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear), permitirá inspeções da AIEA (Agência
Internacional de Energia Atômica), braço da ONU para o tema, nas suas instalações civis.
A Índia tem feito gestões para obter a aprovação da AIEA e
do NSG (grupo de fornecedores
nucleares, na sigla em inglês)
ao acordo, uma iniciativa do governo republicano de George
W. Bush. O aval de ambos é crucial para a sua aprovação no
Congresso americano, de maioria democrata, antes das eleições presidenciais.
Singh diz que a cooperação
nuclear é fundamental para o
futuro da Índia, país de 1,1 bilhão de habitantes que vê aumentarem as incertezas quanto à capacidade de manter o
fornecimento de energia para
um crescimento de quase 9%.
Os comunistas e o BJP, embora rivais, dizem que o acordo,
tal qual formalizado, fere a soberania indiana e autoriza uma
inaceitável ingerência externa,
sobretudo americana, comprometendo o seu programa nuclear militar.
Rivalidade regional
A aproximação entre Nova
Déli e Washington estremece a
frágil estabilidade geopolítica
no sul da Ásia. A Índia e o Paquistão, potências nucleares
historicamente rivais, são aliados dos EUA e disputam a condição de parceiro estratégico
americano na região.
O acordo nuclear prestigia a
Índia e relega a um segundo
plano o Paquistão, também detentor da bomba atômica e parceiro americano na guerra ao
terrorismo no Afeganistão. A
porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, disse que "a idéia de
um acordo nuclear entre EUA e
Índia é bom para todo mundo".
Com agências internacionais
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