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GUERRA SEM LIMITES
Caçada, Al Qaeda se reinventa e
agora age por meio de "franquias"
KIM SENGUPTA
DO "INDEPENDENT"
A Guerra do Afeganistão visava
privar a Al Qaeda da proteção de
seus aliados do Taleban e destruí-la como força combatente. Mas os
atentados em Istambul são o mais
recente exemplo de como a organização se reinventou para continuar sua "guerra santa".
A Al Qaeda provou ser uma hidra de muitas cabeças. Uma delas
foi cortada no Afeganistão, com a
prisão ou a morte de muitos dos
principais lugar-tenentes de Osama bin Laden e a descoberta e o
bloqueio de boa parte dos recursos financeiros da organização.
Mas o grupo voltou à vida em diversos países, como franquias.
Os recentes atentados na Turquia, na Arábia Saudita, na Tchetchênia e, possivelmente, no Iraque, demonstram que organizações menores, frequentemente
contando com os serviços de
combatentes treinados nos campos da Al Qaeda no Afeganistão e
no Paquistão, continuam capazes
de executar operações sem a ajuda aberta de Bin Laden.
Segundo fontes nos serviços de
informações ocidentais e árabes,
o padrão que está emergindo envolve remanescentes da liderança
da Al Qaeda em suas bases na
fronteira entre o Afeganistão e o
Paquistão. Eles encomendam os
atentados, mas deixam os detalhes dos ataques aos cuidados das
organizações locais. Essa evolução representa um desafio para o
Ocidente. Em lugar de enfrentar
alguns poucos alvos reconhecidos, eles precisam lidar com dezenas de pequenos grupos.
Embora dois dos ataques -os
atentados suicidas a bomba em
Riad nos dias 12 de maio e 9 de
novembro- pareçam ter sido
trabalho direto da Al Qaeda, outras operações mostram grupos
terroristas diferentes em ação.
Rohan Gunaratna, do Instituto
de Defesa e Estudos Estratégicos
de Cingapura, descreveu os campos da Al Qaeda como "uma Disneylândia do terrorismo, onde se
pode encontrar qualquer pessoa,
de qualquer grupo islâmico".
Fontes nos serviços de segurança
britânicos e norte-americanos dizem que cerca de 20 mil pessoas,
de 47 países, passaram pelos campos da Al Qaeda entre a metade
dos anos 90 e a invasão do Afeganistão em outubro de 2001.
As agências de segurança ocidentais dizem estar encontrando
novos pontos de semelhança nas
técnicas de comunicação e no uso
de explosivos por esses grupos.
Acredita-se que membros da Al
Qaeda tenham ensinado integrantes de outros grupos a usar a
internet para enviar mensagens
cifradas e fugir à detecção. As técnicas de fabricação de bombas e
de produtos químicos também
parecem ter sido difundidas.
A estrutura financeira do terrorismo também mudou, com muitos dos grupos locais passando a
usar pequenos crimes, tráfico de
drogas e extorsão como fontes de
receita, já que não podem mais
aproveitar a rede de organizações
e doadores que costumava bancar
as atividades da Al Qaeda. Porque
os grupos vêm atacando alvos
mais fáceis e empregando métodos de ataque menos sofisticados,
a disponibilidade de dinheiro é
um obstáculo menor à nova série
de atentados.
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