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GUERRA SEM LIMITES
Aliança com EUA ajuda economia turca a suportar perda com terror
MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
A economia da Turquia, que está em pleno processo de recuperação, deverá escapar ilesa dos
ataques terroristas da última
quinta-feira em Istambul, embora
ainda possa vir a sofrer se houver
uma nova onda de violência. Entre os analistas, espera-se que agora, mais do que nunca, a aliança
com os EUA seja uma proteção
para a economia do país.
"Provavelmente agora deve aumentar o compromisso da comunidade internacional com a Turquia, especialmente do Fundo
Monetário Internacional e dos
EUA", disse Nick Eisinger, analista sênior para a Turquia da agência de risco Fitch Ratings.
A lira turca e a cotação dos papéis da dívida do país, que caíram
fortemente na quinta-feira, anteontem já mostravam sinais de
recuperação. Há dúvidas, porém,
sobre o impacto que os atentados
poderão ter sobre o turismo, que
nos últimos 12 meses proporcionou uma receita de cerca de US$ 9
bilhões -2,5% do PIB do país.
EUA, Reino Unido, Austrália,
Alemanha e França já alertaram
seus cidadãos sobre o risco de viajar à Turquia neste momento. Para Eisinger, uma queda temporária no fluxo de turistas não terá
um efeito significativo, porque a
temporada de verão no hemisfério Norte já terminou e a atividade
no setor cairia normalmente.
A Fitch manteve a previsão de
que a economia turca deva crescer 5% neste ano; para a Merrill
Lynch, a estimativa é ainda maior.
Segundo Eisinger, se houver novos atentados, a situação pode ficar preocupante, por causa do
impacto que teriam sobre o sentimento dos investidores.
A Bolsa de Istambul caiu 7% devido aos atentados, mas Eisinger
disse que a queda não foi significativa, porque a Bolsa turca é
muito volátil. Richard Segal, analista da corretora Exotix, do grupo
Icap, acredita que dificilmente alguma empresa ou investidor venha a sair do país, porque os ataques terroristas não têm sido dirigidos só contra a Turquia.
Em setembro, os EUA anunciaram um pacote de empréstimos
de US$ 8,5 bilhões, com juros subsidiados, à Turquia, como uma
espécie de compensação por perdas que a economia do país sofreu
com a Guerra do Iraque. Mas o
empréstimo está vinculado à implementação de reformas, e até
agora a Turquia não fez nenhum
saque. "Se houver algum problema de liquidez de curto prazo ou
dificuldades nos mercados domésticos, parte desses empréstimos será usada", avalia Eisinger.
Em 2001, a Turquia passou por
uma séria crise, e a economia do
país encolheu 7,5%. No ano passado, fechou um novo acordo
com o FMI, que prevê socorro de
US$ 16 bilhões. A liberação de
parcelas de recursos depende de
revisões para avaliar o respeito às
metas de ajuste.
Apesar do crescimento da economia e dos ganhos de receita tributária, no entanto, dificilmente o
país atingirá o superávit primário
acertado de 6,5%. A Fitch prevê
que esse resultado fique em 5% do
PIB, mas confia na liberação de
mais uma parcela de recursos do
Fundo após a revisão do programa, prevista para dezembro.
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