São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2008

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Repórter macedônio morre após ser preso por crimes sobre os quais escrevera

DA REDAÇÃO

O jornalista macedônio Vlado Taneski, 56, foi encontrado morto em sua cela ontem em uma prisão nas proximidades de Tetovo, Macedônia. Ele estava preso por suspeita de ser o autor de crimes violentos sobre os quais escrevera reportagens.
Taneski era acusado de dois homicídios, além de ser o principal suspeito nas investigações da morte de uma terceira mulher e do desaparecimento de uma quarta.
O jornalista foi preso na última sexta-feira em sua casa na cidade de Kicevo (a 120 km de Skopje). Uma ordem judicial havia determinado que ele permanecesse detido por 30 dias.
Ivo Kotevski, porta-voz da polícia, disse que a hipótese de suicídio é a mais provável, mas as investigações sobre a morte do repórter ainda não terminaram.
"Ele foi encontrado morto com a cabeça dentro de um balde de água", disse Kotevski. O corpo de Taneski foi transferido da prisão até a capital Skopje para autópsia. O balde e outras provas também foram lacrados para a análise forense.
A polícia começou a suspeitar do repórter quando percebeu que as reportagens assinadas por ele continham detalhes não divulgados sobre os crimes. Taneski trabalhava para os periódicos de circulação nacional "Utrinski Vesnik" e "Nova Macedônia", e seu DNA foi encontrado durante as autópsias nos corpos de duas das vítimas.
Segundo a polícia, as quatro vítimas tinham semelhanças com a mãe do jornalista, com quem ele não mantinha boas relações. Como ela, todas eram mulheres entre 55 e 80 anos, trabalhavam como faxineiras e moravam no mesmo bairro em Kicevo.
Os corpos de três das mulheres foram encontrados nus, depositados em sacolas, e apresentavam sinais de violência corporal, abuso sexual e estrangulamento com cabos de telefone.
Antes de chegar a Taneski, dois homens haviam sido pesos e condenados à prisão perpétua pelos crimes. Agora eles serão libertados e indenizados pelo tempo passado na cadeia.
Conhecido na vizinhança, Taneski visitou as famílias das vítimas enquanto apurava as reportagens. "Ele veio até nossa casa, nós conversamos, ele perguntou detalhes", disse Zoran Temelkoski, filho da vítima Zivana Temelkoska, 65, a um programa de televisão local.
A condenação lembrou o caso do escritor polonês Krystian Bala, condenado em 2007 por crime descrito no romance policial "Amok". Detalhes que seu livro trazia sobre o assassinato do empresário Darius Janiszewski atraíram a atenção policial.


Com agências internacionais

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