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Karadzic pede para ser seu próprio advogado
DA REDAÇÃO
Indiciado pelo genocídio de
muçulmanos na Bósnia e por 12
anos o homem mais procurado
da Europa, o ex-líder sérvio Radovan Karadzic vai advogar em
causa própria no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, em Haia (Holanda),
para onde deve ser extraditado
nos próximos dias.
O advogado de Karadzic, Svetozar Vujacic, explicou a opção
do cliente, que segue o caminho
trilhado por Slobodan Milosevic, ex-presidente sérvio, enviado a Haia em 2000 -mas
morto há dois anos na prisão,
antes do fim do processo.
Parentes acreditam que o homem que criou a República
Sérvia da Bósnia-Hezergóvina
e dela se intitulou presidente
usará o julgamento para expor
-como fez Milosevic- teses
ultranacionalistas populares
em setores da sociedade sérvia.
Capturado pelo serviço secreto em Belgrado na última
segunda, Karadzic é acusado
pela morte de 8.000 muçulmanos em Srebrenica e pelas cerca
de 12 mil mortes decorrentes
do cerco de 44 meses a Sarajevo
na Guerra da Bósnia (1992-95).
Segundo seu advogado, o ex-líder nacionalista já cortou a
barba e o cabelo que o deixaram
irreconhecível na fuga.
Karadzic, 63, passou a maior
parte dos 12 anos como foragido vivendo sob falsa identidade
em Belgrado, exercendo a medicina numa clínica de práticas
alternativas -ele é psiquiatra-
e fazendo conferências.
Em mais detalhes surpreendentes sobre a vida clandestina
do ex-líder, a mídia sérvia informou ontem que o ex-líder tinha uma namorada chamada
Mila -descrita como "uma morena atraente de uns 40 anos"
-, embora ainda seja formalmente casado com Ljiljiana Zelen-Karadizc, que não quis comentar as revelações.
Segundo relatos, o nacionalista dizia que havia deixado a
família nos EUA. Na sala do
apartamento onde morava havia fotos de supostos quatro netos vestindo a camisa de um time de basquete americano.
O homem conhecido como
"Carniceiro de Belgrado" é descrito por vizinhos como "gentil" e "atencioso". Numa padaria do bairro, comprava pão integral e iogurte. Devoto, jejuava
às quartas e sextas. Mas também bebia vinho em um bar
chamado "Madhouse", frequentado por nacionalistas,
que aparentemente não desconfiaram que o homem barbudo com quem conversavam
era um dos heróis de guerra cuja foto estava fixada na parede.
Com agências internacionais
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