São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Karadzic pede para ser seu próprio advogado

DA REDAÇÃO

Indiciado pelo genocídio de muçulmanos na Bósnia e por 12 anos o homem mais procurado da Europa, o ex-líder sérvio Radovan Karadzic vai advogar em causa própria no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, em Haia (Holanda), para onde deve ser extraditado nos próximos dias.
O advogado de Karadzic, Svetozar Vujacic, explicou a opção do cliente, que segue o caminho trilhado por Slobodan Milosevic, ex-presidente sérvio, enviado a Haia em 2000 -mas morto há dois anos na prisão, antes do fim do processo.
Parentes acreditam que o homem que criou a República Sérvia da Bósnia-Hezergóvina e dela se intitulou presidente usará o julgamento para expor -como fez Milosevic- teses ultranacionalistas populares em setores da sociedade sérvia.
Capturado pelo serviço secreto em Belgrado na última segunda, Karadzic é acusado pela morte de 8.000 muçulmanos em Srebrenica e pelas cerca de 12 mil mortes decorrentes do cerco de 44 meses a Sarajevo na Guerra da Bósnia (1992-95).
Segundo seu advogado, o ex-líder nacionalista já cortou a barba e o cabelo que o deixaram irreconhecível na fuga.
Karadzic, 63, passou a maior parte dos 12 anos como foragido vivendo sob falsa identidade em Belgrado, exercendo a medicina numa clínica de práticas alternativas -ele é psiquiatra- e fazendo conferências.
Em mais detalhes surpreendentes sobre a vida clandestina do ex-líder, a mídia sérvia informou ontem que o ex-líder tinha uma namorada chamada Mila -descrita como "uma morena atraente de uns 40 anos" -, embora ainda seja formalmente casado com Ljiljiana Zelen-Karadizc, que não quis comentar as revelações.
Segundo relatos, o nacionalista dizia que havia deixado a família nos EUA. Na sala do apartamento onde morava havia fotos de supostos quatro netos vestindo a camisa de um time de basquete americano.
O homem conhecido como "Carniceiro de Belgrado" é descrito por vizinhos como "gentil" e "atencioso". Numa padaria do bairro, comprava pão integral e iogurte. Devoto, jejuava às quartas e sextas. Mas também bebia vinho em um bar chamado "Madhouse", frequentado por nacionalistas, que aparentemente não desconfiaram que o homem barbudo com quem conversavam era um dos heróis de guerra cuja foto estava fixada na parede.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Indiciado por genocídio, líder do Sudão vai a Darfur fazer promessas
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.