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Indiciado por genocídio, líder do Sudão vai a Darfur fazer promessas
Multidão recebe Omar Bashir com festa em região devastada por conflito civil
DO FINANCIAL TIMES
O ritmo pop irrompeu no ar
parado do deserto, e Omar Bashir subiu em uma mesa para
dançar. A massa de 10 mil pessoas balançou com ele, um fervor oficialmente orquestrado
que se estendia até as palhoças
no horizonte. Foi assim que o
homem acusado de genocídio
pelo Tribunal Penal Internacional dançou de volta à cena
do crime que lhe é imputado.
Há dez dias, Bashir, presidente do Sudão há 19 anos, tornou-se o primeiro chefe de Estado no cargo a ser indiciado
por uma corte internacional
permanente. Ontem ele iniciou
um giro de dois dias por Darfur,
transmitindo uma mensagem
que intercalou a demonização
do promotor Luis Moreno-Ocampo, do TPI, a promessas
de segurança, estradas, escolas
e água para a região sudanesa.
Na primeira parada, a impressão era que todos os setores de Darfur tinham ido vê-lo:
soldados adolescentes, milicianos a cavalo, líderes tribais, meninas de uniforme militar e
mulheres com véus. Mas quando diziam por que tinham ido
ao terreno baldio ao lado do aeroporto de El Fasher, ficava claro que não representavam todas as vozes de Darfur. "Ocampo quer capturar nosso presidente e levá-lo à Europa. Estou
aqui porque rechaço a tentativa
de prendê-lo", disse o professor
Adam Mohamed Malit.
Em seu discurso, Bashir disse
que o promotor do TPI é um
agente a serviço de potências
estrangeiras interessadas em
desestabilizar o Sudão, mas não
especificou a quem se referia:
se aos rivais regionais Chade e
Líbia ou ao "Ocidente".
A viagem é uma tentativa de
mostrar o compromisso do governo com o fim do conflito
que, segundo estimativas da
ONU, já deixou cerca de 300
mil mortos e 2 milhões de refugiados desde 2003. Mas, enquanto dizia que "sabemos que
existem injustiças", Bashir
continuou a dissociar-se da
guerra, usando termos vagos e
evitando qualquer alusão às
milícias rivais com as quais seria preciso selar a paz.
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