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ORIENTE MÉDIO
Para ministro palestino, cessar-fogo só funcionará com compromisso israelense; Hamas diz estar aberto a negociações
ANP pede nova trégua, agora com Israel
DA REDAÇÃO
Em meio a uma nova escalada
da violência no Oriente Médio, a
Autoridade Nacional Palestina
(ANP) afirmou ontem estar buscando uma nova trégua nos ataques dos grupos terroristas contra
Israel, desta vez com o compromisso também do governo israelense de interromper suas ações
militares contra os palestinos.
Após uma reunião do gabinete
palestino ontem pela manhã em
Ramallah, na Cisjordânia, o ministro das Relações Exteriores,
Nabil Shaath, disse que um cessar-fogo somente entre os grupos
terroristas não é suficiente.
"Queremos uma trégua entre
toda a ANP e todas as suas organizações e Israel", disse Shaath.
"Queremos uma paralisação total
da violência", afirmou.
O ministro da Informação, Nabil Amr, também insistiu no assunto. "Podemos falar sobre cessar-fogo, outra trégua, mas precisamos de garantias de que Israel
vai cooperar. Estamos buscando
uma forma de fazer isso", disse.
Os palestinos também pediram
aos EUA que mediassem as negociações sobre o novo cessar-fogo e
impedissem o fracasso do plano
de paz para a região, patrocinado
pelo governo americano.
Um dirigente do Hamas disse
que o grupo está disposto a discutir uma nova trégua. "A liderança
do movimento estudará qualquer
passo político apresentado", disse
à agência Reuters o líder do Hamas no Líbano, Usama Hamdan.
Uma trégua unilateral anunciada no dia 29 de junho pelos principais grupos terroristas palestinos foi suspensa na quinta-feira
após o Exército de Israel matar
um co-fundador do Hamas em
Gaza, em resposta ao atentado
suicida que matou 20 pessoas em
Jerusalém, na terça-feira.
Após o atentado, Israel impôs
um novo cerco militar às cidades
palestinas e prometeu agir para
caçar os acusados de promover
ataques. Tanques patrulham as
ruas e impõem toques de recolher. Anteontem, um suposto terrorista palestino foi morto dentro
de um hospital em Nablus, na Cisjordânia, e outros dois ficaram feridos -originalmente, fontes palestinas haviam dito que os três tinham sido mortos.
Apesar de a trégua anunciada
em junho ter sido unilateral, Israel
também reduziu suas ações militares nos territórios palestinos e
havia anunciado um cronograma
para a retirada do Exército das
principais cidades palestinas. Mas
continuou com as buscas e prisões de acusados de terrorismo, o
que provocou reações pontuais
dos grupos palestinos, como o
atentado de terça-feira.
Ontem o líder do Hamas Abdel
Aziz Rantisi acusou o presidente
Bush de ter se tornado "o maior
inimigo do islã" após ter determinado o congelamento do patrimônio dos líderes da organização.
Um grupo palestino, que diz
pertencer às Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, publicou ontem
uma lista com 30 nomes de autoridades israelenses -entre elas, o
premiê Ariel Sharon- a que pretendem assassinar como retaliação pela morte de palestinos.
Desde o relançamento do plano
de paz para a região, no início de
junho, Israel vem pressionando o
premiê palestino, Mahmoud Abbas (mais conhecido como Abu
Mazen), a agir para conter e desmantelar os grupos terroristas.
O plano de paz, que prevê um
Estado palestino independente
até 2005, exige dos palestinos o
controle dos grupos terroristas e,
de Israel, o fim das ações militares
contra os palestinos e a desativação das colônias judaicas ilegais.
Mazen, politicamente fraco, alega não poder usar a força contra
os terroristas, sob pena de gerar
uma guerra civil entre os palestinos. O premiê foi indicado em
abril pelo presidente da ANP, Iasser Arafat, afastado do diálogo de
paz por Israel e pelos EUA, que o
acusam de apoiar ou permitir o
terrorismo. Arafat, confinado há
meses por Israel em seu QG em
Ramallah, nega as acusações.
Com agências internacionais
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