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"Estado de guerra" é prorrogado na Geórgia
Tbilisi acusa forças russas de violar termos de cessar-fogo
DA REDAÇÃO
O Parlamento da Geórgia
aprovou ontem a prorrogação
do "estado de guerra" no país
por mais duas semanas, reagindo à manutenção de postos de
controle militar russos fora das
regiões separatistas da Ossétia
do Sul e da Abkházia.
Para Tbilisi, a retirada -que
Moscou declarou concluída na
noite de sexta-feira- foi apenas parcial e descumpriu o
acordo de cessar-fogo.
Os termos do compromisso,
mediado pela França em nome
da União Européia, admitem
que a Rússia mantenha militares na Geórgia, mas restringem
seu alcance. A presença dos soldados deveria se limitar aos
territórios autonomistas, onde
os russos mantinham tropas
desde os acordos de paz entre o
governo georgiano e grupos separatistas locais na década de
1990, e suas adjacências, em
um raio de dez quilômetros das
respectivas divisas regionais.
O cessar-fogo não estabeleceu, porém, um calendário para
a saída das tropas -brecha que
os russos tentam usar para prolongar indefinidamente a presença no país.
Vencedor militar do conflito
de seis dias, detonado pela tentativa georgiana de retomar pela força o controle da Ossétia do
Sul, o Kremlin já sinalizou que
a situação na ex-república soviética não voltará ao status anterior ao confronto.
O presidente russo, Dmitri
Medvedev, e o chanceler Sergei
Lavrov reiteraram diversas vezes que apoiarão a independência dos encraves autonomistas.
O georgiano Mikhail Saakashvili voltou a dizer que não permitirá a secessão. "A Geórgia
não tem territórios sobrando
para ceder a ninguém", disse
anteontem, em cadeia nacional
de TV, o presidente, que busca
levar seu país à Otan (aliança
militar ocidental).
Ao longo do dia, as tropas
russas tinham se movimentado
em direção aos territórios autonomistas. À noite, o ministro da
Defesa, Anatoli Serdiukov, declarou completa a retirada, afirmando que "o lado russo [do
acordo] foi inteiramente cumprido". Fora da Ossétia do Sul e
da Abkházia, o Kremlin manteve 500 homens, "responsáveis
por medidas adicionais de segurança".
Não foi o bastante para Tbilisi. Os postos de checagem na
principal rodovia do país ainda
dão à Rússia capacidade tácita
de interromper o trafego e isolar a capital. Segundo o Kremlin, a presença visa impedir
agressões da Geórgia aos territórios autonomistas.
Porto controlado
O número dois na hierarquia
do Estado-Maior do Exército
russo, o general Anatoli Nogovitsin, deixou claro ontem que
as forças russas vão seguir controlando a cidade portuária
georgiana de Poti, no Mar Negro, efetuando patrulhas. Ele
alegou que o acordo mediado
pela UE ampara legalmente essa presença.
"Poti não está na zona de segurança. Isso não significa que
vamos ficar atrás das barreiras
observando como eles circulam
em seus Humvees (jipes americanos)", acrescentou.
Em conversa telefônica com
Medvedev, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, cobrou a
retirada das tropas russas da
estrada que liga Poti a Senaki,
ao leste da Geórgia.
Pressões contra a Rússia
também continuam vindo de
Washington. O secretário de
Comércio dos EUA, Carlos Gutierrez, disse em entrevista à
revista semanal alemã "Spiegel" que as operações militares
de Moscou ameaçam sua permanência no G8 (grupo das
principais economias mundiais) e a sua candidatura para
aderir à OMC (Organização
Mundial do Comércio).
Com agências internacionais
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