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Imagem que vende pesa contra democrata
Daniel Bergamasco,
de Nova York
Enquanto camisetas
com o rosto de Barack Obama
rivalizam com as do Coringa do
novo filme de Batman nas lojas
de souvenir de Nova York, no
resto do país a campanha do senador se esforça para rasgar a
embalagem desenhada para ele
pelos opositores-onde querem que se leia "contém uma
celebridade vazia".
Obama usa o microfone para
tentar provar o contrário, mas
na outra mão continua a afagar
o momento gerado pelos fãs
que, especialmente pela internet, o ajudaram a arrecadar
US$ 340 milhões até julho,
contra US$ 145 milhões do republicano John McCain.
Seja qual for o resultado das
eleições, o democrata já faz história como pop star, como fica
claro nas bancas de revistas.
Sua estampa vai além do noticiário político e está em capas
de publicações como "Rolling
Stone" (música), "Wired" (tecnologia), "Vanity Fair" (comportamento), "Esquire" (masculina) e "People" (fama).
Mas o que fazer com tanta
mídia quando ainda assim se
está empatado com o rival, na
margem de erro das pesquisas
de intenção de voto?
McCain -que, mesmo sendo
herói da guerra do Vietnã, não
recebe o mesmo tratamento-
tenta tirar partido da superexposição do adversário. Fez barulho com o já clássico vídeo
que diz que o rival "é a maior
celebridade do mundo" e o
compara às famosas-problema
Britney Spears e Paris Hilton.
"Na cultura popular americana, existe um foco enorme em
celebridades. Mas, no domínio
político, candidatos têm de fazer o americano comum acreditar que entendem as preocupações do povo. McCain tenta
persuadir eleitores independentes e de classe média de que
Obama não é "um deles'", disse
à Folha Andy Zelleke, da Universidade Harvard.
No quesito exposição, o Google dá razão a McCain. As citações no site de buscas para "Barack Obama" (59,3 milhões)
superam "Angelina Jolie" (39,8
milhões), "Brad Pitt" (26,4 milhões) e "David Beckham"
(20,6 milhões), perdendo para
poucos, como "Britney Spears"
(110 milhões) e "Paris Hilton"
(84,8 milhões). Os números variam conforme a hora da busca,
mas as proporções se mantêm.
Até a democrata Hillary
Clinton (48,1 milhões), outra
supercelebridade eleitoral,
aparece mais do que John
McCain (40,5 milhões). A ex-pré-candidata, aliás, já teve de
se desviar de holofotes no começo do ano, quando recusou
convite para aparecer na revista de moda "Vogue", para não
parecer elitista. Também por
isso, adotou os terninhos que
pararam em todas as listas de
visuais ruins, até que resenhou
para a revista de fofocas "US"
seus piores figurinos de todos
os tempos.
N
a TV, a participa-
ção em programas como o humorístico "Saturday Night Live" se tornou fundamental para
os postulantes à Casa Branca.
O apoio de artistas, como de
costume, também teve destaque, mas toda Hollywood foi
ofuscada pelo engajamento da
apresentadora mais poderosa
da TV na eleição de Obama.
"Oprah Winfrey contou especialmente na Carolina do Sul,
onde encabeçou comício de
massa de Obama", diz o cientista político David King, também
de Harvard.
Para King, Oprah foi crucial
quando Obama ainda não brilhava tanto sozinho. "Ela trouxe muitos seguidores no início.
Mas, no ponto atual, os eleitores voltam suas mentes para a
escolha que está por vir e já não
ligam a posição dos famosos já
perde importância."
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