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Aquisições do Brasil são alvo de "patriotas"
Da reportagem local
A
lgo que poderia
parecer impensável há menos
de dez anos, o mercado norte-americano tem sido um dos
principais destinos dos investimento de empresas multinacionais brasileiras fora do Brasil. Marcas tradicionais dos
EUA têm caído de maneira sistemática no controle de companhias nacionais ou com forte
participação de capital brasileiro em sua composição.
A mais recente delas ocorreu
em julho e envolveu a compra,
por US$ 52 bilhões, da norte-americana Anheuser-Busch,
fabricante da Budweiser (a cerveja mais vendida do mundo e
um ícone nos EUA) pela InBev
(ela própria resultado de uma
fusão entre a brasileira AmBev
e a belga Interbrew).
Esse e outros negócios vêm
chocando muitos nacionalistas
norte-americanos.
A ponto de Herb Kohl, senador democrata de Wisconsin,
ter acionado formalmente o
Departamento de Justiça dos
EUA (sem nenhum sucesso até
o momento) para tentar barrar
a expansão de outro grupo brasileiro em solo norte-americano, o frigorífico JBS-Friboi.
O grupo adquiriu no ano passado 100% da Swift Foods &
Company, cuja fundação nos
Estados Unidos tem raízes no
século 19. A compra transformou a empresa brasileira em líder mundial em proteínas de
origem bovina e a terceira
maior produtora e processadora de carne suína nos EUA.
Além do nacionalismo crescente, especialmente neste ano
eleitoral, algumas empresas
brasileiras nos EUA, como a fabricante de aços Gerdau, já enfrentaram protestos e ações de
sindicatos de trabalhadores naquele país que as acusavam de
adotar contratos de trabalho irregulares ou abusivos.
Outras aquisições mais antigas incluem companhias dos
setores têxtil, de commodities,
cimento e petróleo. A participação de ações das empresas
brasileiras negociadas na Bolsa
de Nova York também vem aumentando nos últimos anos.
A
pesar do descon-
forto dos mais nacionalistas
nos EUA, a participação de empresas norte-americanas no
Brasil é muito mais antiga e
abrangente -embora grande
parte das unidades aqui tenha
sido constituída do zero, e não a
partir de empresas compradas.
Segundo pesquisa realizada
no ano passado pelo Brasil-US
Business Council, sediado em
Washington, entre as maiores
companhias americanas listadas pela revista "Fortune" e
que têm negócios no Brasil,
houve um aumento de 43% do
pessoal empregado no país entre 2003 e 2006.
O período coincidiu com a recuperação da economia brasileira, o que levou a dobrar, nos
últimos dois anos (para 3%), a
participação total do Brasil na
receita dessas multinacionais
ao redor do mundo. Entre os
negócios das norte-americanas
fincadas aqui, os maiores aumentos de receita têm sido obtidos no setor de serviços, seguido depois pelo industrial.
Enquanto os brasileiros enfrentam o protecionismo nos
EUA, no Brasil os norte-americanos reclamam do peso e da
burocracia do Estado.
Segundo pesquisa de opinião
entre esses empresários norte-americanos, a elevada carga tributária no país aparece no topo
dos entraves (40%). Em seguida, vêm a falta de marcos regulatórios nos negócios (15%) e a
precariedade da infra-estrutura nacional (11%).
Mesmo assim, a imensa
maioria das empresas americanas aqui instaladas espera crescimento em seus negócios nos
próximos anos.
(FCZ)
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