São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2008

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Jihad Islâmico lança foguetes e abala trégua Israel-Hamas

Disparos foram reação a ataque na Cisjordânia, embora acordo só valha para Gaza

Hamas disse querer manter cessar-fogo e instou todos os grupos militantes a não rompê-lo; Israel qualificou episódio de "grave violação"

DO "FINANCIAL TIMES"

O cessar-fogo acertado na semana passada entre Israel e o Hamas sofreu um violento revés ontem quando militantes palestinos dispararam quatro foguetes e um projétil de morteiro da faixa de Gaza.
A trégua intermediada pelos egípcios entrou em vigor na quinta-feira e estabelecia o fim completo dos ataques mútuos na faixa de Gaza e nas regiões adjacentes. No entanto, a morte de dois militantes por forças israelenses em Nablus, na Cisjordânia, foi usada pelo Jihad Islâmico como justificativa para seu ataque com foguetes contra a cidade de Sderot.
O Jihad Islâmico, um grupo militante ativo na Cisjordânia e em Gaza, assinou o acordo de cessar-fogo da semana passada mas disse que não "manteria as mãos atadas" enquanto seus membros são alvos de ataque.
Israel afirmou repetidamente que consideraria o Hamas responsável por todos os ataques originados de Gaza, que o movimento islâmico vem governando desde a expulsão das forças leais à ANP (Autoridade Nacional Palestina), há um ano.
O porta-voz de Ehud Olmert, primeiro-ministro israelense, denunciou os ataques como "grave violação" da trégua, mas não informou se e como seu governo pretendia reagir.
O Hamas afirmou que desejava manter o período de calma e instou todos os grupos palestinos a respeitarem o acordo da semana passada.
Ainda que os disparos de foguetes realizados ontem tenham constituído clara violação do cessar-fogo, tanto o Hamas quanto Israel têm forte interesse em evitar uma nova escalada. As duas partes negociam uma troca de prisioneiros que poderia garantir a libertação de um soldado israelense cativo em Gaza desde 2006.

Votação
Olmert também enfrenta hoje uma votação decisiva no Parlamento israelense, que alguns crêem poder resultar na queda de seu governo. O maior aliado na coalizão de Olmert, o Partido Trabalhista, anunciou que seus membros votarão a favor da moção que pedirá a dissolução do Parlamento devido às suspeitas de corrupção que pesam sobre o premiê.
Tanto o líder israelense quanto o Hamas estão ansiosos por propiciar algum descanso às suas populações civis. Os israelenses que vivem nas proximidades da faixa de Gaza vêm sendo alvo de ataques por foguetes e morteiros há anos, enquanto os palestinos que vivem no território sofrem com incursões militares, bombardeios aéreos e bloqueio econômico.
A tensão renovada ofuscou o início de uma conferência internacional em Berlim que fechou acordo para reforçar o sistema judicial e as forças policiais palestinas na Cisjordânia.
A ANP, presidida por Mahmoud Abbas, deve receber mais de US$ 240 milhões para financiar a construção de tribunais e delegacias de polícia, bem como para adquirir equipamentos e custear treinamentos.
A conferência é parte de um esforço internacional para apoiar a atual rodada de negociações de paz entre Israel e os palestinos e reforçar a ANP no conflito contra o Hamas.


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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