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RIO +10
Negociadores tentam chegar a acordo antes do início de cúpula em Johannesburgo; polícia reprime manifestações
Delegados discutem questões controversas
DA ASSOCIATED PRESS
Delegados de governos de todo
o mundo se reuniram em Johannesburgo (África do Sul) ontem
para tentar resolver discordâncias
antes do início da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento
Sustentável, que começa amanhã.
O principal assunto sobre o qual
os países não haviam chegado a
um acordo até ontem era a exigência por parte de nações pobres
de um compromisso firme por
parte de Estados ricos de fornecer
dinheiro a países em desenvolvimento para ajudá-los a melhorar
o acesso de suas populações à
água limpa e à energia.
Em um protesto contra esforços
da polícia de restringir manifestações, cerca de 300 pessoas segurando velas tentaram marchar da
Universidade de Witwatersrand,
a cerca de 15 km do local da reunião, até a sede da polícia.
Policiais da tropa de choque
bloquearam os manifestantes e
jogaram três bombas de gás lacrimogêneo quando alguns tentaram romper o cordão de isolamento. Ninguém ficou ferido.
A polícia afirmou que o protesto
era ilegal, já que os manifestantes
não pediram autorização para
marchar. Um documentarista
que filmava o protesto foi preso.
Mais cedo, doze ativistas do
Greenpeace haviam sido presos
após escalar o muro de um edifício perto de uma usina nuclear a
1.200 km de Johannesburgo para
protestar contra o uso de energia
nuclear na África.
Quase 60 mil delegados e mais
de cem líderes mundiais devem
comparecer à cúpula, apelidada
de Rio +10, para um balanço das
iniciativas pela preservação do
planeta desde a Eco-92, realizada
há dez anos no Rio de Janeiro.
Washington respondeu a críticas de delegados e ativistas à decisão do presidente dos EUA, George W. Bush, de não comparecer
ao encerramento da cúpula.
"Bush está há meses integralmente engajado e compromissado com a cúpula", disse John Turner, secretário-assistente de Estado para questões ambientais internacionais. "Mas há a necessidade de sua liderança nos EUA no
campo da segurança, internacional e doméstica, e da economia."
Organizações da sociedade civil
de todo o mundo estão se reunindo em um fórum paralelo em Johannesburgo. "Estamos aqui para
dizer que o desenvolvimento sustentável é possível", disse Desmond Lesajane, o principal organizador do fórum de ONGs.
"Com a vontade política necessária, isso pode ser feito."
Ele afirmou que planos para
uma grande marcha de protesto
no próximo sábado, do bairro pobre de Alexandra até o subúrbio
rico de Sandton, onde a cúpula será realizada, permaneciam incertos, já que a polícia ainda não havia autorizado sua realização.
Ativistas acusam americanos e
europeus de defender os interesses de grandes corporações à custa dos pobres do mundo.
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