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Parlamento russo aprova apoio à secessão na Geórgia
Medida depende de aval de Medvedev para ter força legal; EUA anunciam visita de Dick Cheney a Tbilisi e outros rivais da Rússia
DA REDAÇÃO
O Parlamento da Rússia
aprovou ontem por unanimidade, em suas duas Câmaras,
um pedido de reconhecimento
da independência das regiões
separatistas da Ossétia do Sul e
da Abkházia, na Geórgia, ao
presidente Dmitri Medvedev. A
medida, porém, não tem força
legal e depende do aval do mandatário russo para ter efeito.
Em sessão extraordinária, o
Parlamento, majoritariamente
governista, decidiu que "o Cáucaso sempre foi e continuará
sendo zona de interesses estratégicos da Rússia". Para analistas, a iniciativa pode refletir a
vontade do próprio Medvedev,
que já declarou que apoiaria a
independência das duas regiões, ou servir como barganha
na disputa com o Ocidente.
A Ossétia do Sul foi o pivô do
conflito entre a Geórgia e a
Rússia no início deste mês, que
tragou a também separatista
Abkházia e cujo desfecho foi
largamente favorável a Moscou. Ambas as regiões, agora
sob ocupação russa, estão oficialmente ligadas a Tbilisi, mas
são autônomas sob um mandato da ONU em vigor desde 1992.
O presidente dos EUA, George W. Bush, se disse preocupado com a medida do Parlamento russo e exortou Medvedev a
não acatar o pedido. "A integridade territorial da Geórgia e
suas fronteiras devem ser respeitadas, assim como as de
qualquer outra nação, incluindo a Rússia", disse.
A Alemanha, que possui pontes com Moscou, mas vem aumentando o tom de desaprovação ao Kremlin, também pediu
que Medvedev não avalize a independência das regiões. A
França, que ocupa a Presidência da União Européia, convocou para 1º de setembro uma
reunião entre os 27 membros
para discutir a situação.
Medvedev não se pronunciou ontem sobre a iniciativa do
Parlamento, mas reagiu às
pressões que vem sofrendo das
potências ocidentais por meio
da Otan. Para ele, a aliança militar ocidental depende mais da
Rússia do que o contrário e não
haveria "grande perda" se os laços institucionais entre ambos
fossem rompidos.
Já o ex-presidente e atual
premiê russo, Vladimir Putin,
disse que o país pode rever alguns pontos da agenda para o
ingresso na Organização Mundial do Comércio. "Nós quase
não vemos vantagens, estamos
carregando um fardo", disse.
Também ontem, o governo
americano anunciou que o vice-presidente, Dick Cheney,
um dos mais veementes críticos da Rússia no conflito, visitará, a partir do próximo dia 2,
Azerbaijão, Geórgia e Ucrânia
-todos ex-repúblicas soviéticas envolvidas em alguma disputa com a Rússia. Em Tbilisi,
Cheney terá encontro com o
presidente Mikhail Saakashvili.
A Casa Branca afirmou ainda
que "revisará por completo" a
relação com Moscou, dizendo
"não haver dúvida de que a
Rússia não cumpriu o acordo
de cessar-fogo". O Kremlin
afirma ter concluído a retirada
na última sexta-feira, mantendo tropas apenas nos encraves
separatistas e seu entorno.
Com agências internacionais
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