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Entrevista
PPP teme que juiz cancele a anistia
DA REDAÇÃO
O retorno do ex-presidente da Suprema Corte,
Iftikhar Chaudhry, e dos
cerca de 60 juízes afastados sob o regime de Pervez
Musharraf é um espectro
que assombra o governo
do PPP. Célebre por decisões contrárias à orientação do governo, Chaudhry
é único capaz de, na atual
conjuntura, impedir a eleição de Asif Ali Zardari,
candidato do partido à
Presidência.
O magistrado sofre também objeções externas,
afirmou, em entrevista à
Folha, a analista política
Farzana Shaikh, da Chatham House. Decisões de
Chaudhry impuseram limites à "guerra ao terror"
que o Pentágono e o Executivo paquistanês preferiam ignorar.
O juiz ordenou investigações sobre o desaparecimento de insurgentes paquistaneses, paralisadas
desde seu afastamento. Os
julgamentos podem abrir
a indesejável caixa-preta
da cooperação militar entre o Paquistão e o Pentágono. "Muitos suspeitam
que os desaparecidos tenham sido entregues aos
EUA sob acusações de terrorismo", diz a analista.
Mas a principal razão da
resistência do PPP em
permitir o retorno imediato dos juízes é o temor de
que, no Supremo,
Chaudhry questione a validade da anistia dada por
Musharraf a Zardari, acusado de corrupção. Reabrir os processos -improvável sob a atual composição da Corte, cujo presidente, Abdul Dogar, tem
boas relações com Zardari- o tornaria inelegível.
Adorado e temido no
Paquistão, Chaudhry é alvo de críticas veladas -
sua imensa popularidade
induz os políticos à cautela. "Eu pessoalmente fui
favorável ao chefe da Justiça, mas há uma posição
no partido que diz que ele
se tornou politizado demais nos últimos meses",
contemporizou Zardari,
na semana passada.
(CF)
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