São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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Entrevista

PPP teme que juiz cancele a anistia

DA REDAÇÃO

O retorno do ex-presidente da Suprema Corte, Iftikhar Chaudhry, e dos cerca de 60 juízes afastados sob o regime de Pervez Musharraf é um espectro que assombra o governo do PPP. Célebre por decisões contrárias à orientação do governo, Chaudhry é único capaz de, na atual conjuntura, impedir a eleição de Asif Ali Zardari, candidato do partido à Presidência.
O magistrado sofre também objeções externas, afirmou, em entrevista à Folha, a analista política Farzana Shaikh, da Chatham House. Decisões de Chaudhry impuseram limites à "guerra ao terror" que o Pentágono e o Executivo paquistanês preferiam ignorar.
O juiz ordenou investigações sobre o desaparecimento de insurgentes paquistaneses, paralisadas desde seu afastamento. Os julgamentos podem abrir a indesejável caixa-preta da cooperação militar entre o Paquistão e o Pentágono. "Muitos suspeitam que os desaparecidos tenham sido entregues aos EUA sob acusações de terrorismo", diz a analista.
Mas a principal razão da resistência do PPP em permitir o retorno imediato dos juízes é o temor de que, no Supremo, Chaudhry questione a validade da anistia dada por Musharraf a Zardari, acusado de corrupção. Reabrir os processos -improvável sob a atual composição da Corte, cujo presidente, Abdul Dogar, tem boas relações com Zardari- o tornaria inelegível.
Adorado e temido no Paquistão, Chaudhry é alvo de críticas veladas - sua imensa popularidade induz os políticos à cautela. "Eu pessoalmente fui favorável ao chefe da Justiça, mas há uma posição no partido que diz que ele se tornou politizado demais nos últimos meses", contemporizou Zardari, na semana passada. (CF)


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