|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Globalização leva à aceitação de
travestis, afirma Florencia de la V
DE BUENOS AIRES
Florencia de la V, 28, veio ao
mundo com nome de celebridade
brasileira. Os pais batizaram de
Roberto Carlos o então menino
nascido na Província do Chaco.
Mas Florencia, que se diz fã de
Caetano Veloso, diz que seu nome original não tem nada a ver
com o cantor brasileiro.
Ao iniciar sua carreia ainda adolescente em espetáculos de Teatro
de Revista, adotou o nome de Florencia de la Vega. Por causa de
um processo iniciado por uma
autêntica de la Vega, teve de encurtar o sobrenome fantasia.
Há seis anos vive com Pablo
Goycochea, dentista divorciado e
pai de dois filhos, e o poodle Cayetano, cujo nome, segundo diz,
também não tem nada a ver com
seu ídolo brasileiro, mas é uma
homenagem ao santo dos trabalhadores. Florencia falou com a
Folha em seu camarim no Teatro
Tita Merello, onde faz o espetáculo "Uma Revista Diferente".
(CD)
Folha - Que mudança houve na
sociedade argentina que permitiu
tamanho sucesso a um travesti?
Florencia de la V - Eu acho que a
mudança foi na TV, e não na sociedade. Acho que a mudança
tem a ver com a globalização. Sai
um programa americano e logo
estão passando aqui e isso ajuda a
mudar a cabeça das pessoas.
Sinto que minha inserção na TV
teve muito a ver com minha forma relaxada de falar de todos os
temas, sobretudo sobre minha
condição sexual. Acho que reivindiquei o travestismo não só como
prostituição ou como forma de vida marginal, mas como qualquer
outro ser humano que pode ter
uma profissão, escolher uma carreira e viver dignamente.
Folha - Buenos Aires foi a primeira cidade da América Latina a permitir a união civil entre pessoas do
mesmo sexo. Os argentinos estão
mais aberto ao tema?
Florencia - A união civil foi um
avanço, sem dúvida. Mas a sociedade argentina é muito hipócrita.
A aprovação da união civil foi um
momento, aprovaram e não se falou mais nisso. Acho que a personagem Laisa deu uma outra perspectiva ao tema porque o trata como uma problemática social.
Aqui a TV sempre mostrou a família tradicional argentina. Mas
os Roldáns são uma família simples que poderia estar em qualquer lugar do mundo. Quem não
tem um gay na família? É uma novela que mostra a vida como ela é.
Passá-la no horário nobre também é um avanço. Aqui sempre
que se tocava no tema homossexualismo depois das dez da noite
e de uma perspectiva marginal.
Mas as pessoas aceitaram muito
bem o personagem. Eu até recebo
desenho das crianças.
Folha - Agora que é quase uma, o
que acha da mulher argentina?
Florencia - Acho que elas têm
muito a aprender com as brasileiras, mais naturais. As argentinas
são muito artificiais. Os homens,
sim, são boa mercadoria. Os melhores do mercado, eu acho.
Texto Anterior: Sociedade: Travesti vira celebridade na TV argentina Próximo Texto: Panorâmica - EUA: Jornal diz que avô de Bush teve ligações com nazistas Índice
|