|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Não voltamos a viver como antes"
DE BUENOS AIRES
Jorge Gómez, 42, voltou a ter
um trabalho registrado em carteira há três meses. Desde junho de
2001, quando a empresa onde trabalhava fechou, o engenheiro mecânico sustentava a mulher e os
dois filhos com "bicos". "Trabalhei como vigilante, taxista, faxineiro, vendedor. Fiz de tudo", diz.
Gómez é gerente de vendas de
uma empresa têxtil, um dos setores que se beneficiou com a desvalorização do peso, em janeiro de
2002. "Consigo dormir melhor só
por ter a certeza de quanto vou receber no final do mês." O salário
não é alto: 1.200 pesos (quase o
mesmo valor em reais), mas supera a média dos "novos assalariados" da retomada argentina.
A mulher de Gómez, Marta, 38,
psicóloga, ainda sofre os efeitos
da crise. "Ela segue buscando trabalho, mas é difícil achar." A dificuldade é que Marta teria de trabalhar meio período para cuidar
de Morena, 5, e Facundo, 8. "Não
temos com quem deixá-los."
O casal tem casa própria, o que
ajuda. "Mas ainda não voltamos a
viver como antes", diz Gómez.
"Outro dia, fizemos uma loucura.
Comemorávamos dez anos de casamento e fomos jantar. Levei um
susto com a conta: 120 pesos. Por
enquanto, esse é um luxo do qual
só poderemos desfrutar novamente daqui a dez anos."
Texto Anterior: América Latina: Nem retomada tira argentinos da pobreza Próximo Texto: "Aqui temos água e energia elétrica" Índice
|