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"Aqui temos água e energia elétrica"
DE BUENOS AIRES
A casa de Cristina Correa, 31, fica no bairro de San Telmo, o mais
antigo de Buenos Aires. Ela, o marido, a mãe e os três filhos compartilham um quartinho pequeno, dividido em dois cômodos
por uma tábua de madeira, num
edifício onde vivem outras nove
famílias. O banheiro é o mesmo
para todos. Cozinha, há duas. Ela
e seus vizinhos engrossam a lista
de argentinos que, para fugir das
favelas e das ruas, invadiram prédios abandonados nas áreas que
circundam o centro da cidade.
"Você não é da polícia, é?", pergunta Livia Aguilera, 56, desconfiada. O edifício, apesar de deteriorado, é uma opção melhor do
que as ruas. "Aqui temos água,
energia elétrica e até calefação",
diz Cristina, que nasceu em Tucumán, uma das Províncias mais
pobres da Argentina.
Ela e o marido mudaram-se para a capital federal há 12 anos em
busca de trabalho. Um fenômeno
parecido com o vivido pelas grandes metrópoles brasileiras.
O marido, Luis Correa, 34, é
vendedor ambulante. "Tem dia
em que ganha 10 pesos, 15 pesos e
outros em que não vende nada",
diz. Cristina faz faxina. "Mas está
difícil. Ninguém tem dinheiro para pagar empregada." Por mês,
são 400 pesos para sustentar Lucas, 3, Cecília, 5, e Laura, 8.
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