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Projetos são pouco eficazes, diz analista
DA REDAÇÃO
O combate ao terror é como
procurar uma agulha no palheiro.
O problema é que, ao invés de ajudar a encontrar a agulha, os novos
programas de vigilância eletrônica só fazem aumentar o palheiro.
A comparação é do especialista
em defesa norte-americano George Smith, da GlobalSecurity.org,
organização não-governamental
especializada em assuntos militares e de espionagem, com sede em
Washington. Segundo ele, o problema não é tecnológico, mas de
recursos humanos.
Sua tese é reforçada pelo relatório do Congresso americano sobre o 11 de Setembro divulgado
nesta semana, que aponta falhas
na análise de informações conseguidas antes dos ataques e a falta
de troca de informações entre órgãos do governo. A seguir, a entrevista concedida à Folha:
(FM)
Folha - Recentes projetos do governo americano tentam criar
imensos bancos de dados com o objetivo de abranger e analisar a vida
de alguém sob todos os ângulos. O
sr. acredita que isso seja possível?
George Smith - A tecnologia
atual permite recolher quantidades cada vez maiores de informação em bancos de dados gigantes.
Mas a análise produtiva dessas informações sem desrespeitar os direitos civis são questões que ainda
não foram respondidas. Um problema desse tipo de tecnologia
não muito questionado é este: o
processo de localização de combatentes inimigos ou terroristas
através de sistemas como TIA ou
"Zonas de Combate" tenta melhorar uma espécie de busca de
agulha em palheiro. Mas tudo que
esses projetos realmente asseguram é a criação de palheiros cada
vez maiores de informação. E esses palheiros são desnecessários.
Folha - O sr. considera que a atual
ênfase em vigilância eletrônica seja a opção correta?
Smith - Não. O principal problema não está no acúmulo e na coleta de informações. Isso pode ser
-e já está- feito. A questão é a
análise, a interpretação e a circulação disso no tempo certo. Os órgãos de segurança são medíocres
em compartilhar e analisar o que
já possuem. É um problema de recursos humanos. O acúmulo de
tecnologias de vigilância não resolve. Mais não significa melhor.
Folha - Esses projetos são uma
ameaça à privacidade de cidadãos
americanos e não-americanos?
Smith - Caso não haja uma rigorosa supervisão de não-militares,
a resposta é sim.
Folha - O Echelon existe? O que
aconteceu com ele?
Smith - O Echelon tem provado
que a vigilância eletrônica não é a
resposta a todos nossos males.
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