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SUCESSÃO NOS EUA / FORA DOS TRILHOS
A cem dias da eleição, McCain procura eixo
Equipe de campanha do republicano teme que inconstância e série de gafes sejam relacionadas à idade avançada do senador
Para rebater, assessores citam rotina dinâmica; após meses de ataque, candidato elogia prazo de retirada do Iraque proposto por Obama
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A cem dias das eleições presidenciais norte-americanas, o
candidato John McCain ainda
procura o eixo de sua campanha. O esperado pela equipe do
senador republicano era que a
viagem ao exterior de Barack
Obama fosse marcada por uma
série de gafes de seu oponente
que salientassem a falta de experiência do senador democrata em política externa.
O problema é que quem cometeu as gafes foi McCain.
Foram das mais leves, como
dizer que a situação na fronteira entre Iraque e Paquistão era
preocupante (os dois países
não são vizinhos), a atribuir à
escalada de tropas proposta por
George W. Bush em 2007 um
evento que ocorreu no ano anterior -a união de sunitas contra extremistas xiitas, no que é
conhecido como "Despertar de
Anbar", em referência àquela
Província iraquiana.
Mais do que o aspecto anedótico dos erros, eles ressaltam
três características que a campanha do republicano teme que
sejam associadas a McCain: a
falta de uma proposta coerente
em relação à política externa; a
ausência de mensagem unificada em questões gerais; e o peso
da idade de um candidato que,
se eleito, será o político mais
velho da história a assumir a
Casa Branca, aos 72.
O primeiro aspecto ficaria
mais evidente no malabarismo
verbal do republicano ao longo
da semana para justificar o que
falou do "Despertar de Anbar".
Primeiro, tentou redefinir o papel da escalada. Depois, chocou
analistas: "Prefiro perder uma
campanha do que a guerra. Parece-me que o senador Obama
prefere o oposto".
"É a nona campanha presidencial que eu cubro e não consigo me lembrar de uma declaração mais grosseira vinda de
um candidato de um grande
partido", escreveu o jornalista
Joe Klein, membro do Council
on Foreign Relations, na revista "Time". "Soa a desespero, renova a questão de saber se
McCain tem o temperamento
certo para a Presidência."
Por fim, o republicano encerraria a semana declarando à
CNN na sexta à tarde que a proposta de retirada das tropas em
16 meses, pilar da política de
Obama para a Guerra do Iraque, "é um prazo muito bom".
McCain passou os últimos meses se dizendo totalmente contra fixar prazos e criticando
Obama por propor um.
Na questão da idade, o candidato foi defendido por sua diretora de comunicação. "Eu desafio qualquer um preocupado
com a idade de John McCain a
segui-lo em campanha", disse
Jill Hazelbaker. "Ele mantém
uma agenda exaustiva, muitas
vezes visitando dois ou três Estados num mesmo dia e respondendo a dúzias de perguntas da mídia pelo caminho."
Sobre a necessidade de unificar a mensagem, a equipe tem
tentado centralizar o poder no
estrategista político Steve
Schmidt.
Quanto ao apoio ao prazo de
Obama, após meses de críticas,
a campanha não se manifestou
até a conclusão desta edição.
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