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SUCESSÃO NOS EUA / CONTROLE DE DANOS
Estrategista tenta conter candidato indomável
Steve Schmidt quer ditar tema único no noticiário diário
DE WASHINGTON
A equipe de John McCain
equilibra-se diariamente num
paradoxo: tem de controlar um
candidato que ganhou fama e
venceu as primárias republicanas justamente por não ser
controlável, pelo estilo com que
encara perguntas e questionamentos sem seguir uma cartilha. Por ser, enfim, o que os locais chamam de "maverick", o
animal sem dono, indomável.
Pois o "maverick" ganhou
um domador. Pelo menos é o
que tenta fazer o estrategista
político Steve Schmidt desde o
começo de julho, quando a
campanha do republicano passou por uma profunda reformulação e ele ganhou o controle das operações do dia-a-dia.
Alto, calvo e corpulento, esse
nativo de Nova Jersey de 37
anos aprendeu o método de
Karl Rove, o estrategista por
trás das grandes vitórias do
Partido Republicano no século
21, e aprimorou ao trabalhar
nas campanhas que garantiram
a reeleição de George W. Bush e
a eleição de Arnold Schwarzenegger em 2006 na Califórnia.
Consiste em fazer com que
cada ciclo noticioso de 24 horas
seja dominado por um e apenas
um tema, e que esse tema tenha
sido ditado pela campanha de
McCain, não de Barack Obama.
A costurar essa sucessão de temas está uma única mensagem:
o candidato republicano representa a escolha segura; o democrata, o desconhecido.
Completam o Estado-Maior
o assessor Charlie Black Jr.,
que fez parte de todas as campanhas presidenciais republicanas desde 1972, Rick Davis,
oficialmente o chefe da campanha, mas que com a ascensão de
Schmidt virou uma "rainha da
Inglaterra", e Mark Salter, que
trabalha com o senador há 20
anos, escreve seus discursos e
responde por "Salter Ego".
"Nossa meta é a perfeição;
nunca vamos atingi-la", disse
Schmidt à equipe, ao assumi-la,
no último dia 2, segundo o
"Wall Street Journal". "Nosso
padrão será a excelência; vamos segui-lo todos os dias."
Entre as mudanças promovidas por ele estão o recém-lançado programa semanal de rádio do candidato, feito nos moldes do do presidente Bush, e a
virada nas apresentações públicas de McCain, com o republicano aparecendo na câmera
junto dos eleitores, não mais
isolado. Além disso, agora a
equipe se reúne diariamente às
7h30 em vez de 8h30. É então
que o tema do dia é definido.
Nas próximas horas, assessores, simpatizantes e os chamados "substitutos" martelarão a
mensagem em entrevistas, teleconferências, palestras. Até
que entra em campo McCain
-e a idéia de Schmidt é que ele
também siga o roteiro. A julgar
pelo desempenho da última semana, porém, ele voltou a ser o
mesmo de sempre: fala o que
quer sobre o que escolhe no
momento em que preferir.
A última fronteira
O próximo passo do estrategista é aproximar o candidato
da internet -domínio de Obama. A avaliação é que o "analfabetismo on-line" de McCain,
como definiu o próprio, ressalta a diferença de idade entre ele
e o democrata, conhecido por
usar iPod e dar boa-noite às filhas via webcam quando em
viagem. O esforço é tímido.
"Estou aprendendo a entrar
on-line sozinho e vou conseguir em breve", disse McCain
ao "New York Times". Antes,
havia sido criticado ao dizer
que era impressionante o que
era possível encontrar na internet hoje, quando indagado sobre como andava o processo de
busca do candidato a vice. "It's
a Google" (é um Google), falou.
(SÉRGIO DÁVILA)
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