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ONU confirma que Otan matou 90 civis afegãos
EUA afirmavam ter bombardeado Taleban; governo de Cabul diz ter "perdido paciência" com forças estrangeiras que atuam no país
DA REDAÇÃO
A ONU anunciou ontem ter
reunido provas para responsabilizar a coalizão liderada pelos
EUA pelo bombardeio que causou a morte de 90 civis -60 deles crianças- na última sexta-feira, numa região montanhosa
no oeste do Afeganistão.
"A investigação da missão da
ONU no Afeganistão reuniu
provas convincentes, fundadas
em especial em depoimentos,
sobre a morte de 90 civis, entre
os quais havia 60 crianças, 15
mulheres e 15 homens", disse
um porta-voz da organização.
A afirmação da ONU corrobora a versão do governo afegão
e confirma que o ataque foi o
mais sangrento das forças da
Otan, a aliança militar ocidental, desde 2001, quando os EUA
invadiram o país para derrubar
o governo do grupo fundamentalista Taleban, acusado de dar
abrigo a Osama bin Laden.
Os EUA mantiveram ontem
sua versão inicial de que o ataque matou 25 insurgentes ligados ao Taleban e de que haveria
apenas cinco vítimas civis.
A situação no Afeganistão
tem piorado nos últimos meses. Segundo a comissão afegã
dos direitos humanos, mais de
900 civis foram mortos neste
ano em ataques da Otan.
A morte de civis abala a credibilidade do presidente afegão
Hamid Karzai, que tentará se
manter no cargo na eleição do
próximo ano. Também estremece as relações entre seu governo e as forças estrangeiras,
que atuam sob mandato da
ONU -os EUA têm 34 mil soldados no país, parte deles fora
da bandeira da Otan, que reúne
50 mil homens.
Karzai anunciou anteontem
que revisará os termos da presença do contingente estrangeiro. Segundo um porta-voz
do presidente, "o governo perdeu a paciência com os sucessivos casos de morte de civis".
Às turras com o Ocidente por
causa da situação no Cáucaso, a
Rússia chegou a redigir no Conselho de Segurança da ONU
uma resolução expressando
"profunda preocupação" pelo
ataque de sexta-feira. Destinado a encontrar o veto americano e europeu, o texto não chegou a ser apresentado.
Com agências internacionais
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