|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil ajudará Paraguai a regularizar brasiguaios
Brasília oferecerá treinamento de agentes e custeará sistema de imigração; vizinho alega não ter verba para registrar agricultores
IURI DANTAS
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil vai financiar a modernização do sistema de imigração do Paraguai e treinar os
agentes que trabalham no setor
no país vizinho. As medidas fazem parte de uma estratégia do
governo brasileiro para contornar a alegação dos paraguaios
de que falta dinheiro para regularizar brasileiros que vivem
em situação irregular no país.
O plano é elaborado pela
ABC (Agência Brasileira de
Cooperação), que não divulga
os termos antes de concluir todos os seus detalhes. Não se sabe ainda com quanto arcarão os
cofres públicos brasileiros.
O programa de modernização vai fornecer de computadores à instalação física de redes e
outros equipamentos. O objetivo da Chancelaria brasileira é
derrubar um argumento recorrente de Assunção de que não
possui condições técnicas de
cadastrar todos os brasiguaios
-produtores rurais brasileiros
que migraram para o país vizinho nas últimas décadas em
busca de terras mais baratas.
Sob consenso do governo
atual, de Nicanor Duarte, e depois da equipe do recém-eleito
presidente Fernando Lugo, o
Brasil já fez um primeiro levantamento pela Polícia Federal. O
número exato de brasiguaios
ainda encontra divergências
dentro do governo. Para o Itamaraty, não passam de 150 mil
pessoas. Já o Ministério da Justiça estima haver 400 mil.
Diálogo
Também auxiliam no cadastramento e identificação de todos os brasiguaios o PT, a Cáritas e a Pastoral dos Migrantes,
ligada à Igreja Católica do Brasil. Segundo o secretário de Relações Internacionais do PT,
Valter Pomar, membros de seu
partido e da coalizão de Lugo
devem se reunir às vésperas da
posse do presidente, em agosto,
para discutir a questão dos brasiguaios, entre outras.
Os brasiguaios são responsáveis por quase 60% da produção paraguaia de soja. Temem,
porém, ser vítimas da promessa de reforma agrária de Lugo,
que já deu apoio público à onda
de invasões que atinge também
suas terras.
Mas integrantes do governo
brasileiro crêem em um diálogo melhor com a equipe do esquerdista do que com a de seu
antecessor, apurou a Folha.
Texto Anterior: Entrevista: Anúncio visa desviar foco, diz analista Próximo Texto: Nicarágua: Milhares pedem renúncia de presidente Índice
|