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entrevista
Anúncio visa desviar foco, diz analista
RODRIGO RÖTZSCH
DA REDAÇÃO
Em entrevista por e-mail à Folha, o cientista
político Juan Carlos Rodríguez, coordenador do
Observatório da Democracia da Universidad de
Los Andes (Bogotá), disse
que o anúncio de referendo é só uma forma de Álvaro Uribe tirar a atenção
das investigações contra
membros de seu governo e
não deve ser levado a cabo.
FOLHA - Qual é o objetivo de
Uribe ao convocar um referendo? Pode ser um atalho para
estender o seu mandato?
JUAN CARLOS RODRÍGUEZ -
Acho que esse não é o objetivo central. É mais um
esforço de rebater a sentença da Corte Suprema e
as decisões iminentes da
Procuradoria na investigação contra funcionários.
FOLHA - Ainda que o povo referende Uribe, o que a Justiça
questiona é a aprovação da
emenda que possibilitou a reeleição, e não a reeleição em si.
RODRÍGUEZ - Estou de
acordo, o referendo não
toca o ponto central. Por
isso, creio que esse anúncio é mais uma forma de
desviar a atenção do que
uma abordagem séria do
assunto. Não creio, porém,
que a solução mais adequada seja anular a eleição
ou fazer novas eleições
sem a participação do presidente. Isso criaria uma
instabilidade indesejável.
FOLHA - Há algum risco real
de que o Tribunal Constitucional casse o mandato de Uribe?
RODRÍGUEZ - Não creio.
Talvez o tribunal emita
uma sentença no sentido
de voltar à situação que
existia na Constituição de
1991, que proibia a reeleição, sem, no entanto, anular a reeleição de Uribe.
FOLHA - Qual é o caminho para a Colômbia sair da crise?
RODRÍGUEZ - A situação é
crítica fundamentalmente
pelos movimentos do governo contra o equilíbrio
entre os Poderes. Infelizmente, noções como a separação de Poderes são
abstratas demais para o cidadão comum. Isso é especialmente verdadeiro num
país onde há problemas
muito mais concretos, como insegurança e conflito
armado. Por isso, é importante a vigilância da comunidade internacional.
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