|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOCIEDADE
Livros contam como vivem filhos da elite de NY, parte mais rica de país mais rico; pais temem relação deles com dinheiro
"Super-riquinhos" viram obsessão nos EUA
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Muita gente desconfiava da
existência deles, ao ver passar os
Bentleys (carros de US$ 400 mil)
entrando e saindo dos edifícios
mais caros da Park Avenue (apartamentos de US$ 10 milhões) ou
reparar no batalhão de babás e seguranças escoltando um exemplar até o lado "bem" do Central
Park (ao longo da Quinta Avenida, entre as ruas 64 e 86).
Mas ninguém tinha lido preto
no branco como eles nascem,
crescem e vivem, até que duas
amigas, ex-estudantes da Universidade de Nova York, resolvessem
contar tudo e com isso abrir uma
comporta de livros, fofocas e comentários a respeito. São os super-riquinhos, os filhos pequenos
da elite nova-iorquina, a parte
mais rica do país mais rico.
Eles dão suas festinhas de aniversário na loja de brinquedos
F.A.O. Schwarz (US$ 2.000 para
dez crianças) e no verão podem ir
esquiar em Aspen (Colorado), fazer safári no Quênia ou "jornadas
culturais" na China (de US$ 3.000
a US$ 5.000 por pessoa).
Quando papai quer passear
com o filhinho, marca uma visita
monitorada ao pregão da Bolsa de
Valores, em Wall Street. "Geralmente os pais não se envolvem na
criação dos filhos, a não ser pelo
lado financeiro", disse Phyllis
Heath, professora da Central Michigan University especializada
na relação pais-filhos.
O principal livro a tratar do assunto é "The Nanny Diaries" (os
diários da babá), um dos maiores
sucessos literários do ano nos Estados Unidos, escrito por duas
amigas que trabalharam por pelo
menos dois anos para mais de 40
famílias endinheiradas de Park
Avenue, em Nova York.
Nele, crianças de 4 anos comem
coquille st. jacques na lancheira
da escola e têm aulas de violino e
patinação no gelo nas "tardes livres". Antes de dormir, as mães
lêem versos de sonetos de Shakespeare para embalar o sono dos
"futuros senhores do universo",
na definição do escritor Tom
Wolfe, que havia criado o termo
em "Fogueira das Vaidades".
Mas há outros lançamentos, refletindo a quase-obsessão pela vida dos minimilionários. O mais
recente é "Snobbery: The American Version" (esnobismo - a versão americana), de Joseph Epstein, que dedica vários capítulos
às crianças dos prósperos (leia
texto nesta página).
"Foi tudo inspirado em nossas
experiências, sem exagero", afirmou Emma McLaughlin, uma
das autoras de "Nanny". Essa inédita olhada no espelho aos olhos
da multidão causou muita polêmica e algumas ameaças de processo, mas também reflexão em
parte da elite da cidade.
A pedido de seus clientes, a empresa de gerenciamento financeiro HNW fez uma pesquisa sobre o
assunto. Foram ouvidos apenas
nova-iorquinos que se encaixassem na categoria dos pentamilionários (termo do mercado financeiro que define pessoas com
mais de US$ 5 milhões) e tivessem
filhos menores de cinco anos.
Segundo o resultado, 61% dos
pais dizem que sua principal
preocupação em relação ao futuro de seus filhos é a probabilidade
de eles virem a dar muito valor
aos bens materiais, enquanto 57%
acham que seus descendentes serão ingênuos quanto ao valor do
dinheiro e à dificuldade em ganhá-lo. A maioria absoluta não
sabe o que fazer para evitar isso.
Texto Anterior: Palestino defende reformas imediatas e fim de cerco Próximo Texto: Escritoras trabalharam como babás Índice
|