São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2011

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Humala assume hoje em meio a conflitos

Questões socioambientais lideram onda de protestos no Peru; novo presidente prometeu aumentar distribuição de renda

Apesar dos crescentes atritos no país, o cenário econômico é favorável, com previsão de 6,5% de crescimento neste ano

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A LIMA

Ao menos seis pessoas morreram e 30 ficaram feridas durante protestos de moradores de Puno, no sudeste do Peru, contra um projeto de uma mineradora canadense. Foi há um mês, e o governo revogou a concessão, de 2007.
O episódio é um exemplo do que espera Ollanta Humala, que assume hoje a Presidência do Peru. Ele promete menos desigualdade e pobreza e também abrir diálogo com comunidades locais que resistem a empreendimentos energéticos e de mineração.
Segundo a Defensoria Pública do país, em junho foram registrados 217 conflitos -- metade deles envolve aspectos socioambientais.
Em termos econômicos, o Peru vai bem --previsão de crescimento de 6,5% para este ano. Para analistas, Humala terá espaço para melhorar a área social, incrementando a distribuição de renda.
Na área socioambiental, no entanto, é mais difícil para Humala se equilibrar entre sua base eleitoral e investidores e empresários.
O esquerdista já está alerta para o problema. "[Que] nos entreguem um país pacificado de conflitos sociais e não um campo minado", disse, após o caso de Puno.
No bojo dos conflitos que sacudiram o sudeste, o governo Alan García cancelou a concessão temporária dada à OAS e à Eletrobras para construir a hidrelétrica de Inambari, estimada em US$ 4 bilhões (R$ 6,1 bilhões).
A usina faz parte do acordo energético fechado entre Lima e Brasília para construção de hidrelétricas binacionais. O acordo é visto com reservas pela base de Humala e sofre resistência de comunidades como a de Puno.
A Folha apurou, porém, que não se esperam reveses no tema. Fonte que acompanha o caso avalia que García enviou uma "mensagem política" sem efeito jurídico duradouro, que o governo Humala é a favor do projeto e tem capital político para convencer as comunidades.
"Não vejo Humala como refém desses conflitos. Em geral, são problemas localizados e sem articulação nacional", afirma Erasto Almeida, da consultora Eurasia Group.

BRASILEIROS MORTOS
Ontem, dois engenheiros brasileiros que trabalhavam para a construção de uma hidrelétrica no norte do Peru foram encontrados mortos. Mario Gramani Guedes e Mario Augusto Soares Bittencourt eram funcionários da Leme Engenharia. A polícia local disse que os corpos não tinham sinais de violência, e as mortes poderiam ser causa do frio ou da altitude. Mas a rádio RPP especulou que camponeses contrários ao projeto estejam envolvidos.


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