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Justiça tailandesa manda deter manifestantes
Corte determina desocupação da sede do governo em Bancoc, tomada por protestos contra premiê
LUÍS FERRARI
EM BANCOC
A Justiça tailandesa emitiu
ontem um mandado de prisão
contra nove líderes dos protestos que pedem a renúncia do
premiê, Samak Sundaravej, que
na última terça-feira culminaram com a ocupação da sede do
governo, em Bancoc. A Corte
ordenou também que a polícia
retirasse os estimados 4.000
pessoas que invadiram o local.
Pelas ruas da capital, os manifestantes são cerca de 30 mil.
A APD (Aliança do Povo pela
Democracia), organizadora dos
protestos, acusa Sundaravej de
representar no governo o ex-premiê Thaksin Shinawatra,
deposto em 2006 por um golpe
militar e tornado inelegível até
2012 por abuso de poder e evasão de impostos. O atual mandatário, que assumiu em janeiro, descartou o uso de força
contra os manifestantes.
A manifestação da APD, que
já motivou queda de 23% na
bolsa de valores tailandesa, pode não derrubar o governo, mas
não pode ser acusada de pouco
organizada. Ontem, às 23h,
quando vencia o prazo estabelecido pelas autoridades para o
fim do protesto, o clima na Casa
do Governo, como é conhecido
o palácio, era de tranqüilidade.
Os manifestantes, instalados
ao redor do prédio, estavam
sentados e eram abastecidos
com água em intervalos regulares. Comida também era distribuída e vendida. A estrutura à
disposição dos manifestantes
tinha pelo menos quatro tendas médicas e cerca de uma dezena de telões espalhados também nas ruas em volta da Casa.
O acesso ao prédio ocupado
era livre. Qualquer um passava
por seus portões após uma checagem de guardas credenciados
pelo movimento, a maioria
com tacos de golfe e de beisebol
e sem exibição ostensiva de armas de fogo. À parte as pessoas
vestidas de amarelo e os carros
de som, o prédio estava exatamente como antes da ação. A
fachada não tinha marcas, e os
vidros estavam intactos.
Nos pontos turísticos da capital tailandesa, só os estrangeiros que leram os jornais aparentavam saber que o país vive
uma agitação política. "Passamos pelo local do protesto. Não
era nada demais. Não senti a
menor insegurança", afirmou a
funcionária pública norte-americana Frances Johnson.
Segundo Don Sambamdaraksec, repórter do "Bancoc
Post", a sociedade tailandesa
não fica alarmada em eventos
desta natureza. "Há dois anos,
quando houve o golpe de Estado, lembro de ter visto gente
nas ruas rindo e tirando foto ao
lado dos militares", narrou ele.
Com agências internacionais
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