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Lei deve conter ódio na mídia, diz especialista
DA REPORTAGEM LOCAL
A Royal Television Society é
uma entidade que tem entre suas
atribuições avaliar a qualidade e a
equidade da TV no Reino Unido.
Ela enviou recentemente uma
missão ao Iraque, também ocupado por tropas britânicas.
Stephen Claypole, pesquisador
e chefe da missão, afirma que,
diante da recém-adquirida liberdade de imprensa, é necessária
uma legislação que impeça a
transformação de jornais, revistas
e emissoras TV em instrumentos
de incitação ao ódio.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista que Claypole
concedeu à Folha.
(JBN)
Folha - Os jornalistas iraquianos
ficaram anos sob censura ferrenha.
Como lidar agora com seus próprios enfoques sobre o noticiário?
Stephen Claypole - Creio que seja
o que agora realmente acontece.
Há um grande esforço a ser feito.
Mas as coisas já se definem com
certa rapidez. De 12 jornais que
passaram a ser publicados em
Bagdá logo após a queda de Saddam Hussein, só dois não tinham
linhas editoriais muito nítidas. Os
demais aparentemente sabiam
que tipo de orientação deveriam
seguir.
Folha - Como é que de uma hora
para outra surgiram tantas gráficas, e de onde vem o papel?
Claypole - Há muito papel que
entra hoje no Iraque pela Jordânia
e também pelo Irã. Os iranianos
são fornecedores preferenciais de
regiões controladas pelos xiitas,
embora outra parcela das importações venha de empresas iranianas só interessadas em ganhar dinheiro e que vendem para qualquer comunidade muçulmana.
Folha - E quanto às gráficas?
Claypole - Essas centenas de pequenos jornais de que se fala são
na verdade improvisados e têm
uma circulação muito reduzida. O
que me surpreendeu, no entanto,
foram dois ou três jornais com
projeto gráfico sofisticado e com
muitas páginas em cores. Apenas
em Bagdá há quatro gráficas muito bem equipadas. Elas foram subutilizadas nos últimos anos de
Saddam pela carência de papel e
tinta, provocada pelo embargo.
Folha - No Iraque só trabalha como jornalista quem tem diploma
de jornalismo. Isso bastaria para a
qualificação da mão-de-obra?
Claypole - A sociedade iraquiana
é em geral sofisticada. Há muitos
jornalistas formados por lá, e
também na Europa e Estados
Unidos. Quanto à qualificação, eu
daria um exemplo menor. Nas semanas antes da guerra uma quantidade imensa de jornalistas estrangeiros se instalou em Bagdá.
Parte dessas equipes contratou
iraquianos. Esses contratados se
acostumaram a um tipo de equipamento e a formas de trabalho
que serão úteis a partir de agora.
Folha - Os iraquianos têm condições de enfrentar a concorrência de
audiência com TVs e emissoras de
rádio de outros países árabes?
Claypole - Tão logo Saddam
caiu, caminhões carregados de
antenas parabólicas começaram a
chegar da Jordânia. Mas não foi
para sintonizar apenas outros canais árabes. O que eles também
querem é sintonizar canais britânicos, italianos ou espanhóis que
transmitam partidas de futebol,
uma paixão nacional no Iraque.
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