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Farc libertam primeiro refém prometido
Soldado Josué Daniel Calvo, capturado no ano passado, é entregue em missão conduzida por helicópteros brasileiros
Segundo a senadora Piedad Córdoba, voos ameaçaram a operação; amanhã, o preso mantido há mais tempo por guerrilha deve ser entregue
DA REDAÇÃO
Em uma operação humanitária conduzida por dois helicópteros militares brasileiros, as
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) libertaram ontem o primeiro dos dois
reféns cujas solturas haviam sido anunciadas um ano atrás.
O soldado Josué Daniel Calvo, 23, capturado pela narcoguerrilha em confronto com o
Exército no ano passado, desembarcou na cidade de Villavicencio (130 km ao sul de Bogotá) no início da tarde, onde
era aguardado por familiares.
Aparentando fragilidade, porém em melhores condições do
que davam conta os relatos prévios à operação, Calvo dispensou uma cadeira de rodas e dirigiu-se ao hangar do aeroporto
apoiando-se numa bengala improvisada. O soldado não deu
declarações, mas acenou aos
jornalistas indicando gratidão.
"A felicidade retornou à nossa casa", disse o pai de Calvo.
Para amanhã está prevista a
entrega do também militar Pablo Emilio Moncayo, 32, o mais
antigo prisioneiro das Farc junto com José Martinez. Eles foram capturados pela guerrilha
em 21 de dezembro de 1997.
Acompanharam a operação
nos helicópteros militares brasileiros, realizada em local não
revelado do departamento de
Meta (região central), a senadora oposicionista Piedad Córdoba, que liderou a negociação
com as Farc, e os delegados do
Comitê Internacional da Cruz
Vermelha (CICV) e da igreja.
Sobrevoos
Após chegada de Calvo, Córdoba, que já liderara missões do
tipo e mantém uma conturbada
relação com o governo Álvaro
Uribe, denunciou supostos sobrevoos não identificados nas
cercanias do local da entrega do
refém, de acordo com relatos
dos guerrilheiros à senadora.
"A comunidade [local] disse
ter se sentido muito ameaçada,
o Exército estava a dois quilômetros do ponto da entrega",
disse. "Isso será discutido com
o Alto Comissariado de Paz [da
Colômbia] para evitar que amanhã [hoje] haja alguma notícia
que paralise a operação."
Segundo Córdoba, as Farc informaram ainda que a entrega
dos restos mortais do policial
Julián Guevara, morto em cativeiro em 2006, prometida pelo
grupo, não poderá ser realizada
por dificuldades de locomoção
devido a operações do Exército.
A última leva de entregas
unilaterais de presos, em fevereiro do ano passado -também
realizada com o apoio logístico
brasileiro-, esteve ameaçada
por voos militares. Mas a operação foi mantida, e seis reféns
foram soltos, incluindo o ex-governador de Meta, Alan Jara.
O alto comissário para a Paz
colombiano, Frank Pearl, no
entanto, disse que os voos relatados eram comerciais e reforçou o compromisso assumido
pelo Exército durante a semana de interromper todas as atividades militares na região para viabilizar a missão. "O governo pode garantir que houve todo o compromisso, e foi uma
operação impecável", afirmou.
A libertação de Calvo, com
meses de atraso em relação ao
inicialmente anunciado, dá sequência aos acenos das Farc no
sentido de tentar uma troca negociada com o governo dos cerca de 500 guerrilheiros presos
atualmente pelos agora 22 militares e policiais em cativeiro.
Mas Uribe reluta em aceitar
um acordo. Após a soltura de
Calvo, o presidente -que deve
boa parte de sua alta popularidade à política de acosso que
debilitou o grupo- condicionou a troca a que os guerrilheiros "não voltem a delinquir".
Com agências internacionais
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