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Oposição no Zimbábue teme mais violência
Porta-voz do MDC diz que governo promoverá operação para identificar e punir quem não votou e pede ação de africanos
Chanceleres do continente reunidos em cúpula no Egito sinalizam que aceitarão a vitória de Mugabe, cuja posse é esperada para hoje
DA REDAÇÃO
A oposição zimbabuana disse
ontem temer mais derramamento de sangue no país na seqüência das eleições de anteontem, que confirmarão no poder
o ditador Robert Mugabe.
O porta-voz do MDC (Movimento pela Mudança Democrática) Nelson Chamisa disse
que o governo planeja uma
"operação dedo vermelho" para punir os eleitores que não foram às urnas -em referência à
tinta com a qual os dedos são
marcados na hora da votação.
"Eles roubaram essa eleição,
agora vão derramar mais sangue. A cúpula [da União Africana, a partir de amanhã no Egito,] deve tomar uma firme posição. É uma questão de paz e segurança", disse o aliado de
Morgan Tsvangirai, opositor
que venceu o primeiro turno,
mas desistiu de disputar o segundo devido à repressão que
matou 86 membros do MDC.
O vice-presidente do MDC,
Thokozani Khupe, que está no
Egito para a cúpula, pediu em
entrevista, que a UA envie tropas pacificadoras e um mediador para o Zimbábue.
O líder da missão de observadores parlamentares de países
africanos disse que o voto foi
marcado pelo medo e pela intimidação. "As pessoas queriam
apenas conseguir a marca de
tinta indelével para se protegerem da violência", disse Marwick Khumalo, da Suazilândia.
Khumalo qualificou o comparecimento ao pleito de "muito, muito baixo", apesar de o
jornal oficial do governo falar
"no maior grau de comparecimento que o Zimbábue já teve".
Em contraste com a longa espera pelo resultado do primeiro turno, a expectativa era que a
vitória de Mugabe fosse oficializada entre ontem e hoje. Colaboradores seus disseram que a
cerimônia de posse estava sendo preparada para hoje, antes
da viagem de Mugabe à reunião
da União Africana.
Apesar da avaliação de EUA e
União Européia, entre outros,
de que as eleições foram ilegais,
chanceleres africanos já reunidos no Egito sinalizaram que
seus países aceitarão a vitória
de Mugabe, embora pretendam
pressioná-lo a negociar com o
MDC. "Mugabe é um presidente e um membro da UA. Não
achamos que podemos resolver
os problemas sempre por meio
de condenações", disse o angolano George Chikoti.
O secretário de Unidade Africana da UA, Ali Triki, disse que
o Zimbábue deve imitar o Quênia, onde foi formado um governo de coalizão após as violentas eleições de 2007. "Estamos esperançosos de que nossos irmãos do Zimbábue sigam
esse muito bom exemplo."
O presidente dos EUA, George W. Bush, disse que as eleições foram uma fraude e que
seu país buscará resolução na
ONU condenando o Zimbábue.
Mas deve encontrar resistência
africana. "Precisamos envolver
o Zimbábue na solução. A história mostra que as sanções não
funcionam, os líderes se sentem perseguidos e fazem coisas
piores", disse o chanceler queniano, Moses Watangula.
Com agências internacionais
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