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Exército se vê como guardião do laicismo
DA REDAÇÃO
Embora 99,8% de seus 72
milhões de habitantes sejam
muçulmanos, a Turquia tem
como princípio, por razões
históricas, a laicidade de suas
instituições, criadas no início
dos anos 20 com as reformas
radicais do presidente e general Mustafá Kemal Atatürk (1923-1938).
O secularismo turco, com
histórico de autoritarismo,
se reforçou ao longo do século 20, culminando com a lei
de 1989, que proibiu o uso do
véu islâmico nas universidades públicas.
O Exército tornou-se o
instrumento dessa modernização forçada, razão pela
qual vê com desconfiança a
religiosidade crescente da
classe média e o governo do
Partido Justiça e Desenvolvimento (AK) -os quais,
acusa, querem dar marcha a
ré na história e levar o país a
uma reformatação teocrática
de suas instituições.
Foi para conter o que acreditavam ser riscos de islamização que os militares deram
quatro golpes de Estado amparados pela elite laica, em
1960, 1971, 1980 e 1997.
Apesar das pressões internas, o governo do AK é respaldado pela União Européia
e pelos EUA - a Turquia é o
único país de maioria muçulmana a integrar a Otan
(aliança militar ocidental).
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