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Stiglitz dará consultoria a Lugo e apóia rever Itaipu
Nobel de Economia irá ao Paraguai a pedido do novo governo, que assume dia 15
Economista diz que alta de preços de energia justifica a revisão do valor pago pelo Brasil e cita caso da Bolívia para animar país vizinho
DA REDAÇÃO
A bandeira do presidente
eleito do Paraguai, Fernando
Lugo, de renegociar o Tratado
de Itaipu com o Brasil ganhou
um defensor: o norte-americano Prêmio Nobel de Economia
Joseph Stiglitz, que assessorará
o governo que começa no próximo dia 15.
Stiglitz apoiou a demanda em
entrevista ao jornal local "ABC
Color". Ele chegará ao país no
dia 13, a convite do esquerdista
Lugo, que encerrará 61 anos de
domínio do Partido Colorado.
A visita tem o apoio do
PNUD, programa de apoio ao
desenvolvimento da ONU, e da
Embaixada da Espanha, mas o
economista diz que não cobrará pela consultoria. "Fazer a democracia funcionar não é fácil.
É algo muito apaixonante trabalhar nisso, tanto na agenda
econômica como na democrática", animou-se.
Segundo a reportagem, Stiglitz perguntou detalhes do
Tratado de Itaipu, de 1973. Para
ele, os preços mundiais de petróleo e carvão justificam a renegociação do valor pago pelo
Brasil pela cota paraguaia de
energia elétrica produzida pela
usina binacional.
"Os investidores devem ter
um retorno razoável, mas não
apropriar-se dos recursos que
são do país", disse ele, que definiu tal retorno como "o suficiente para recuperar seu capital e obter uma margem justa,
que guarde uma correlação
com o risco ordinário e a taxa
de juros do mercado".
"Se tivéssemos mercados que
funcionassem bem, não teria
por que ter conflito", afirmou.
Questionado se o sócio menor do Mercosul teria êxito na
disputa, disse: "A Bolívia fez isso no setor de gás com o Brasil".
Entusiasta da onda que levou
políticos de esquerda ("a favor
das maiorias", diz) ao poder na
região, Stiglitz apoiou a renegociação boliviana com a Petrobras a partir de 2006.
O Brasil compra energia de
Itaipu que o Paraguai não usa a
US$ 45,31 por MWh (megawatt-hora): US$ 42,50 abatem
a dívida contraída por Assunção para construir a usina -paga pelo Brasil. O Paraguai fica
com US$ 2,81 por MWh (US$
340 milhões em 2007).
O governo brasileiro diz que
não renegocia o tratado (que
prevê metade da energia para
cada um e veta a venda a terceiros), mas aceita discutir fórmulas para melhorar a receita obtida pelo Paraguai com Itaipu.
O assessor internacional do
Planalto, Marco Aurélio Garcia,
estará no Paraguai amanhã e
deverá tratar do tema com integrantes do futuro governo.
Ontem, o ex-bispo Lugo recebeu em Assunção o teólogo
brasileiro Leonardo Boff e Aleida Guevara, médica filha do
guerrilheiro argentino-cubano.
Boff, expoente da Teologia da
Libertação, defendeu a preservação da bacia do rio da Prata.
Já Guevara disse querer colaborar com o futuro governo na
questão agrária.
Com agências internacionais
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