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ELEIÇÃO NOS EUA
Em meio ao clima hostil de NY, convenção que escolherá Bush ressalta apoio hispânico, negro, asiático e feminino
Ilhados, republicanos apelam às minorias
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
A primeira Convenção Nacional Republicana da história de
Nova York começa amanhã sob
fortes protestos e com o principal
objetivo de atrair para o partido
do presidente George W. Bush os
votos dos americanos que, afinal,
definirão a eleição em novembro.
O destaque às minorias hispânica, negra e asiática, além das mulheres, dará o tom ao evento, ao
lado do já tradicional discurso sobre segurança interna e guerra ao
terror, marca da atual campanha
eleitoral de Bush.
A convenção, no Madison
Square Garden, a principal arena
esportiva de Manhattan, será cercada por estimados 400 mil manifestantes durante esta semana,
além de 11 mil policiais e cifras
que beiram os US$ 160 milhões
gastos para a sua organização.
Os republicanos vêm alardeando que 17% dos 4.853 delegados
que apontarão Bush oficialmente
candidato pertencem a minorias.
Na última convenção do partido,
em 2000, as minorias representavam apenas 10% dos delegados.
Em relação às mulheres, também houve um aumento, de 36%
em 2000 para 44% agora.
Com o país dividido ao meio
entre Bush e o democrata John
Kerry, todo o esforço republicano
vai se concentrar em tentar mostrar à opinião pública um partido
mais aberto e democrático.
Os quatro vetores da convenção
("A coragem de uma nação", "A
compaixão do povo americano",
"Terra da oportunidade" e
"Construindo uma América mais
segura e promissora") procurarão, de alguma forma, tentar remendar essa fratura.
Nesse "esforço conciliador", um
dos principais oradores da convenção republicana será um senador democrata, Zell Miller, da
Geórgia, cujo mandato termina
neste ano e que acabou se tornando aliado de última hora de Bush.
Mas a conciliação está distante.
O clima eleitoral ficou polarizado
nos últimos dias, protagonizados
por um anúncio no qual veteranos de guerra questionam o "heroísmo" de Kerry no Vietnã.
O senador acusou Bush pelo
anúncio, bancado por um grupo
sem ligação formal com os republicanos. Bush negou, mas não
condenou o anúncio.
Assim, a tarefa "conciliatória"
republicana será difícil, especialmente em Nova York, cidade
mais liberal dos EUA, onde 4 em
cada 5 eleitores votaram contra
Bush no pleito de 2000.
Pesquisa feita no início do mês
em Nova York mostrou Kerry
com 18 pontos de vantagem sobre
Bush. Mesmo em se tratando das
minorias cortejadas nacionalmente pelos republicanos, os democratas levam vantagem.
Na convenção democrata, no
mês passado, em Boston, 40% dos
delegados pertenciam a alguma
minoria. Nos EUA, tradicionalmente os negros votam nos democratas. Os hispânicos têm seguido a mesma tendência, com a
exceção dos cubanos da Flórida.
Nova York foi escolhida para sediar a convenção republicana no
final de 2002, quando Bush ainda
surfava na alta popularidade da
fase pré-Guerra do Iraque.
Apesar do mau humor local e
dos protestos, os republicanos
tentarão manter os planos.
"Bush tenta a reeleição se apresentando como um grande comandante-em-chefe do país. A
idéia de fazer a convenção onde
os EUA foram atacados e onde os
democratas se sentem em casa
tenta passar a idéia de que ele é
um homem forte no comando da
nação", afirma a analista política
independente Tanya Melich.
Bush já decidiu, no entanto, que
passará só algumas poucas horas
em Nova York, tempo suficiente
para fazer um discurso na quinta-feira. No resto da semana, fará
campanha em vários Estados.
Outros estrategistas acreditam
ainda que uma situação de descontrole que provoque cenas feias
nos protestos em Nova York possa beneficiar os republicanos. Assim como Kerry, Bush dependerá
sobretudo do eleitor indeciso.
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